São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2007

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Pet Shop Boys faz show "audiovisual"

Dupla inglesa retorna ao Brasil depois de três anos e apresenta seus sucessos no Credicard Hall, na sexta e no sábado

Em entrevista, o vocalista Neil Tennant descreve a importância da imagem para a dupla e a visão que tem da música pop atual


Divulgação
Chris Lowe (esq.) e Neil Tennant são os Pet Shop Boys


DA REPORTAGEM LOCAL

"Um cabaret musical retrô-futurista." Assim era a concepção do último show que o Pet Shop Boys realizou em São Paulo, no Tim Festival de 2004.
Para a apresentação que a dupla inglesa realiza nesta semana, o mote será: "Uma noite de entretenimento eletrônico".
Neil Tennant, vocalista do Pet Shop Boys, e seu parceiro Chris Lowe, responsável pela programação musical do duo, tocam na sexta-feira e no sábado no Credicard Hall.
Se em 2004 a dupla foi acompanhada por guitarrista, tecladista, várias dançarinas e 3.500 quilos de equipamentos, este novo show será mais enxuto -e econômico. A apresentação é focada apenas em Neil e Chris.
"É uma performance multimídia, pelo menos é o que pretendemos. Da última vez que fomos a São Paulo, levamos guitarristas, baixista. Desta vez, será mais eletrônico", disse Neil Tennant à Folha. "Teremos vários vídeos, que são importantes para realçar o entretenimento.
E como a música é eletrônica, chamamos [os shows] de "Uma noite de entretenimento eletrônico"."
Não é de hoje que a banda dá enorme importância à imagem. Desde que se juntaram, no início dos anos 80, Neil Tennant e Chris Lowe trazem para seus clipes, sessões de fotos, capas de discos e cenários de shows temas como homossexualismo -Tennant é gay-, Aids, a decadência roqueira, a celebração da disco music...
Em turnê realizada na Europa, no final do ano passado, os Pet Shop Boys levaram ao palco três enormes cubos desmontáveis em que eram projetados vários filmes.
"Não poderemos levar esses cubos, não é possível transportá-los. De tridimensional, a produção tornou-se bidimensional. Mas adicionamos mais filmes, mais luzes. Acho que ficou ainda mais impactante."

Alma pop
Feita por meio de equipamentos eletrônicos, a música do Pet Shop Boys é de alma profundamente pop. "Being Boring", "West End Girls", "Domino Dancing", "Can You Forgive Her?" e canções mais recentes, como "I'm with Stupid", têm melodias quase irretocáveis, levadas pelo vocal agridoce de Tennant.
Essa aparente ternura não deve ser confundida com conformismo ou leniência. "O pop pode ser bem agressivo também. Você pode encontrar agressividade em músicas da Britney Spears, por exemplo", brinca Tennant.
O que leva a conversa ao aparecimento de novas bandas roqueiras que têm parentesco com o pop. "Há alguns anos, vimos o surgimento de novas bandas de rock, Franz Ferdinand, The Killers, Arctic Monkeys, que possuem uma sensibilidade pop. Eles lançaram discos realmente bons. Elevaram a qualidade da música pop. A dance music, por sua vez, não acho que esteja tão interessante."

Britpop
Entre os novos artistas pop, Tennant destaca as cantoras britânicas Lily Allen e Amy Winehouse.
"Vou ver a Amy Winehouse hoje à noite em Londres [na verdade, iria; no dia, Winehouse cancelou o show que faria no Shepherd's Bush Empire]. Em sua música, ela faz uma volta até os anos 60, e fazia tempo que não tínhamos ninguém assim. Tem influências de soul, r&b... Já a Lily Allen representa as garotas britânicas hoje. Gosto do que ela fala em suas canções."
Um dos projetos mais ambiciosos do Pet Shop Boys foi "sonorizar" o filme "O Encouraçado Potemkin" (1925), um clássico do cinema mudo dirigido por Sergei Eisenstein (1898-1948). A banda compôs trilha erudita e a apresentou, ao lado da Sinfônica de Dresden, na Trafalgar Square, em Londres, em setembro de 2004. Segundo o vocalista, a dupla não tem planos de realizar novo projeto do tipo. "Estamos nesta turnê até o meio deste ano. Apenas no ano que vem devemos pensar num próximo álbum." (THIAGO NEY)

PET SHOP BOYS
Quando: sex. e sáb., às 22h
Onde: Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, tel. 6846-6010)
Quanto: a partir de R$ 130


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