São Paulo, domingo, 14 de maio de 2000


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Estréia peça da Cia. Articularte com personagens inspirados no universo da artista plástica
Canções de Paulo Tatit, Antônio Nóbrega, Dominguinhos, Anastácia, Quinteto Violado e Milton Nascimento compõem a trilha
Tarsila manipula bonecos

Reprodução
'O Abaporu'


DA REPORTAGEM LOCAL

"O Abaporu" (1928), de Tarsila do Amaral (1897-1973), foi transformado em personagem no espetáculo de bonecos "A Cuca Fofa de Tarsila", que a Cia. Articularte estreou ontem no teatro Alfredo Mesquita, em Santana (zona norte). A entrada é franca.
E não só Abaporu. O universo pictórico da artista plástica inspira e "dá vida" a bonecos como a Negra Tarsila, o Boi da Lua, o Urutu, o Passarinho Verde, o Barqueiro e a Cuca Fofa do título.
Quem faz a metamorfose lúdica é a bonequeira Surley Valério, que atua em teatro infantil ("Castelo Rá-Tim-Bum") e adulto, ainda como cenógrafa e aderecista.
O ator e dramaturgo Dario Uzam, que já trabalhou com Antunes Filho e Antônio Abujamra, é diretor e autor de "A Cuca Fofa de Tarsila". Durante cerca de um ano, ele visitou exposições e pesquisou sobre a obra da artista. "A concepção dos bonecos e da história é baseada na textura e nas cores de Tarsila; alguns dos seus quadros parecem ter a textura de uma espuma", diz Uzam, 41.
O artista plástico Hernandes de Oliveira finalizou as pinturas dos bonecos, que medem em média 60 cm e são manipulados por cinco atores, todos vestidos de preto e apenas com o rosto descoberto.
Os manipuladores são a própria Surley, além de Elisângela Duarte, Neto Medeiros, José Antônio do Carmo e Tereza Marinho.
Encenada numa estrutura de alumínio montada no palco, coberta com tecido preto, a peça trata de um triângulo amoroso que desemboca em aventuras com seres fantásticos.
Boi da Lua disputa com Abaporu o amor de Negra Tarsila, mulata que dança graciosamente na festa do seu aniversário.
Enfeitiçado, o Abaporu vai parar na Lua. Perdido numa floresta, leva uma chifrada do Boi durante um duelo e, com o golpe, o personagem-quadro fica preso a um cacto.
Negra Tarsila sai em sua busca e, antes de tê-lo em seus braços, precisa superar toda sorte de "armadilhas" no meio da selva.
"A gente trabalha ali "cru" mesmo, com os bonecos fazendo movimentos como dar cambalhotas e jogar capoeira", conta Uzam.
Trechos de músicas de Paulo Tatit, Antônio Nóbrega, Milton Nascimento, Dominguinhos, Anastácia e Quinteto Violado compõem a trilha do espetáculo.
A idéia da Cia. Articularte é fazer com que, ao estabelecer um contato lúdico com Tarsila do Amaral, a criança possa registrar em seu imaginário afetivo os elementos "envolventes e concisos" da obra da artista, podendo resgatá-los futuramente no desenvolvimento da sua sensibilidade artística. (VALMIR SANTOS)


Peça: A Cuca Fofa de Tarsila
Texto e direção: Dario Uzam
Com: Surley Valério, Elisângela Duarte, Neto Medeiros, José Antônio do Carmo, Tereza Marinho
Quando: sáb. e dom., às 16h
Onde: teatro Alfredo Mesquita (av. Santos Dumont, 1.770, Santana, tel. 6221-3657)
Quanto: entrada franca
Patrocinador: Banespa


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