São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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Bajofondo mostra união de gêneros musicais do Prata

Grupo leva ao Via Funchal proposta de juntar o tango com velhos e novos estilos como a milonga, o rock e a eletrônica

Banda criada em 2002 pelo argentino Gustavo Santaolalla e pelo uruguaio Juan Campodónico toca músicas do CD "Mar Dulce"

SYLVIA COLOMBO
EM BUENOS AIRES

Muita água já passou pelo leito do rio da Prata desde que o Bajofondo nasceu até hoje, quando a banda formada por oito artistas uruguaios e argentinos subirá ao palco do Via Funchal, em São Paulo.
Falar em "rio", neste caso, é mais que apontar um detalhe na paisagem. Em 2002, o argentino Gustavo Santaolalla, 55, e o uruguaio Juan Campodónico, 36, se uniram para produzir um disco que misturasse a tradição tangueira de ambas as margens do velho Prata com música contemporânea. Surgia o Bajofondo Tango Club.
Enquanto isso, no cenário pop internacional, outras formações buscavam o mesmo tipo de fusão. A mais conhecida é o coletivo europeu Gotan Project. Logo a mídia identificou um "movimento", ao qual deu o nome de "tango eletrônico".
O êxito da primeira empreitada levou o Bajofondo a querer escapar do rótulo. Passou a chamar-se só Bajofondo e lançou "Mar Dulce" (2007), cujo conceito era abranger todo tipo de tradição musical do Prata ou que tenha entrado com força na região. Significava que, além do tango, o candombe uruguaio (de batida afro), a milonga (ingrediente de origem espanhola na fórmula do tango), a música folclórica argentina, o rock inglês dos anos 70, assim como a eletrônica, o drum'n'bass e o hip hop contemporâneos foram contemplados.
"O Bajofondo virou um espaço para experimentação com as sonoridades que fazem parte do nosso mundo aqui e agora", diz Campodónico à Folha, por telefone, de Montevidéu. O artista afirma que o Bajofondo reúne gerações de gostos musicais. "Nos anos 70, se você gostava de folclore, era conservador; se curtia rock, era transgressor. Hoje, muitas vezes, os mais velhos ouvem rock, e o folclórico voltou à moda. Não dá mais para ligar um estilo a uma faixa etária. Procuramos estabelecer pontos de contato nesse cenário variado."
Por isso, "Mar Dulce", disco que dá a base ao show de hoje, foi gravado com convidados ecléticos, como o bandeonista japonês Ryota Komatsu, a rapper espanhola Mala Rodriguez, o roqueiro velha-guarda Elvis Costello e outros. O álbum foi todo realizado ao vivo, para evocar o modo como as orquestras de tango o faziam.
Como os convidados do álbum não podem estar nos concertos, o grupo faz readaptações das faixas para os palcos.
"Hoje podemos dizer que somos uma banda, porque adaptamos um projeto de produção de estúdio para um grupo musical que pode fazer shows tanto em grandes festivais de rock como em teatros pequenos."


BAJOFONDO
Quando:
hoje, às 21h30
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, tel. 3897-4456; classificação livre)
Quanto: de R$ 60 a R$ 250


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