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Bajofondo mostra união de gêneros musicais do Prata
Grupo leva ao Via Funchal proposta de juntar o tango com velhos e novos estilos como a milonga, o rock e a eletrônica
Banda criada em 2002 pelo argentino Gustavo Santaolalla e pelo uruguaio
Juan Campodónico toca músicas do CD "Mar Dulce"
SYLVIA COLOMBO
EM BUENOS AIRES
Muita água já passou pelo leito do rio da Prata desde que o
Bajofondo nasceu até hoje,
quando a banda formada por
oito artistas uruguaios e argentinos subirá ao palco do Via
Funchal, em São Paulo.
Falar em "rio", neste caso, é
mais que apontar um detalhe
na paisagem. Em 2002, o argentino Gustavo Santaolalla,
55, e o uruguaio Juan Campodónico, 36, se uniram para produzir um disco que misturasse
a tradição tangueira de ambas
as margens do velho Prata com
música contemporânea. Surgia
o Bajofondo Tango Club.
Enquanto isso, no cenário
pop internacional, outras formações buscavam o mesmo tipo de fusão. A mais conhecida é
o coletivo europeu Gotan Project. Logo a mídia identificou
um "movimento", ao qual deu o
nome de "tango eletrônico".
O êxito da primeira empreitada levou o Bajofondo a querer
escapar do rótulo. Passou a
chamar-se só Bajofondo e lançou "Mar Dulce" (2007), cujo
conceito era abranger todo tipo
de tradição musical do Prata ou
que tenha entrado com força na
região. Significava que, além do
tango, o candombe uruguaio
(de batida afro), a milonga (ingrediente de origem espanhola
na fórmula do tango), a música
folclórica argentina, o rock inglês dos anos 70, assim como a
eletrônica, o drum'n'bass e o
hip hop contemporâneos foram contemplados.
"O Bajofondo virou um espaço para experimentação com as
sonoridades que fazem parte
do nosso mundo aqui e agora",
diz Campodónico à Folha, por
telefone, de Montevidéu. O artista afirma que o Bajofondo
reúne gerações de gostos musicais. "Nos anos 70, se você gostava de folclore, era conservador; se curtia rock, era transgressor. Hoje, muitas vezes, os
mais velhos ouvem rock, e o
folclórico voltou à moda. Não
dá mais para ligar um estilo a
uma faixa etária. Procuramos
estabelecer pontos de contato
nesse cenário variado."
Por isso, "Mar Dulce", disco
que dá a base ao show de hoje,
foi gravado com convidados
ecléticos, como o bandeonista
japonês Ryota Komatsu, a rapper espanhola Mala Rodriguez,
o roqueiro velha-guarda Elvis
Costello e outros. O álbum foi
todo realizado ao vivo, para
evocar o modo como as orquestras de tango o faziam.
Como os convidados do álbum não podem estar nos concertos, o grupo faz readaptações das faixas para os palcos.
"Hoje podemos dizer que somos uma banda, porque adaptamos um projeto de produção
de estúdio para um grupo musical que pode fazer shows tanto em grandes festivais de rock
como em teatros pequenos."
BAJOFONDO
Quando: hoje, às 21h30
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, tel. 3897-4456; classificação livre)
Quanto: de R$ 60 a R$ 250
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