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O BOM DO DIA
Guitarrista mostra CD "P.S. Mr. Cole"
Afinação de Pizzarelli preenche o Bourbon
da Redação
Já está na hora de pôr um fim à
síndrome de "filhinho de papai"
que persegue o guitarrista norte-americano John Pizzarelli, que
toca a partir de hoje na casa noturna paulistana Bourbon Street.
Sempre apresentado como sucessor do "grande" Bucky Pizzarelli, John já é dono de um estilo
pessoal o suficiente para escapar
da sombra paterna. Pena que ele
mesmo dê munição aos que criticam sua musicalidade sob o argumento de que ela é mais fruto
de genética do que de talento.
Na hora de escolher o que tocar, ele optou pela guitarra de sete cordas, instrumento cujas
possibilidades harmônicas foram ampliadas por Bucky.
Quando foi montar um grupo,
optou pelo trio, formação que tirou o pai do ostracismo, em 52.
Pronto. As semelhanças musicais terminam aí. De posse da
herança musical paterna, John
refina a arte de usar a guitarra
como um escravo da melodia.
Com sua voz frágil, porém afinada, ele usa o canto como vitrine da sua obra. Quando solicitada, a guitarra está sempre ali,
fluida, rápida e com um timbre
cristalino. É desse diálogo entre
voz e instrumento que John tira
sua originalidade. Nesse aspecto,
parece ser filho de Nat King Cole.
Essa impressão se confirma
com o disco que o guitarrista
mostra ao público brasileiro. Trata-se de "P.S. Mr. Cole", trabalho
gravado no hotel Algonquin, de
Nova York, em janeiro de 96.
O CD é uma espécie de sequência de "Dear Mr. Cole", gravado
um ano antes. Em ambos os CDs,
Pizzarelli mostra o que faz de melhor. Pega uma coleção de clássicos do cancioneiro norte-americano e os reveste com uma dose
de sofisticação e bom humor.
Apesar de ter sido gravado há
três anos, "P.S. Mr. Cole" não é
uma daquelas armações de gravadoras que se aproveitam da visita
de um músico estrangeiro para
enfiar goela abaixo dos brasileiros
qualquer engodo.
Tomara que "P.S. Mr. Cole" seja
o manancial do grosso do repertório que o guitarrista mostrará
no Bourbon. Caso contrário, a
platéia pode se ver obrigada a
apreciar -e, provavelmente, desaprovar- as músicas de "Meet
the Beatles", disco que traz uma
frustrada tentativa de "jazzificar"
o som do quarteto de Liverpool.
Pizzarelli também pode aproveitar os shows para adiantar seu
próximo trabalho, em que homenageia Tom Jobim e mostra o que
há de Nat King Cole e Cole Porter
nela.
(EDSON FRANCO)
Show: John Pizzarelli
Quando: hoje e quinta, às 22h
Onde: Bourbon Street Music Club (r. dos Chanés, 127, tel. 5561-1643)
Quanto: de R$ 45 a R$ 75
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