São Paulo, Terça-feira, 14 de Setembro de 1999
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O BOM DO DIA
Guitarrista mostra CD "P.S. Mr. Cole"
Afinação de Pizzarelli preenche o Bourbon

da Redação

Já está na hora de pôr um fim à síndrome de "filhinho de papai" que persegue o guitarrista norte-americano John Pizzarelli, que toca a partir de hoje na casa noturna paulistana Bourbon Street.
Sempre apresentado como sucessor do "grande" Bucky Pizzarelli, John já é dono de um estilo pessoal o suficiente para escapar da sombra paterna. Pena que ele mesmo dê munição aos que criticam sua musicalidade sob o argumento de que ela é mais fruto de genética do que de talento.
Na hora de escolher o que tocar, ele optou pela guitarra de sete cordas, instrumento cujas possibilidades harmônicas foram ampliadas por Bucky. Quando foi montar um grupo, optou pelo trio, formação que tirou o pai do ostracismo, em 52.
Pronto. As semelhanças musicais terminam aí. De posse da herança musical paterna, John refina a arte de usar a guitarra como um escravo da melodia.
Com sua voz frágil, porém afinada, ele usa o canto como vitrine da sua obra. Quando solicitada, a guitarra está sempre ali, fluida, rápida e com um timbre cristalino. É desse diálogo entre voz e instrumento que John tira sua originalidade. Nesse aspecto, parece ser filho de Nat King Cole.
Essa impressão se confirma com o disco que o guitarrista mostra ao público brasileiro. Trata-se de "P.S. Mr. Cole", trabalho gravado no hotel Algonquin, de Nova York, em janeiro de 96.
O CD é uma espécie de sequência de "Dear Mr. Cole", gravado um ano antes. Em ambos os CDs, Pizzarelli mostra o que faz de melhor. Pega uma coleção de clássicos do cancioneiro norte-americano e os reveste com uma dose de sofisticação e bom humor.
Apesar de ter sido gravado há três anos, "P.S. Mr. Cole" não é uma daquelas armações de gravadoras que se aproveitam da visita de um músico estrangeiro para enfiar goela abaixo dos brasileiros qualquer engodo.
Tomara que "P.S. Mr. Cole" seja o manancial do grosso do repertório que o guitarrista mostrará no Bourbon. Caso contrário, a platéia pode se ver obrigada a apreciar -e, provavelmente, desaprovar- as músicas de "Meet the Beatles", disco que traz uma frustrada tentativa de "jazzificar" o som do quarteto de Liverpool.
Pizzarelli também pode aproveitar os shows para adiantar seu próximo trabalho, em que homenageia Tom Jobim e mostra o que há de Nat King Cole e Cole Porter nela. (EDSON FRANCO)


Show: John Pizzarelli
Quando: hoje e quinta, às 22h
Onde: Bourbon Street Music Club (r. dos Chanés, 127, tel. 5561-1643)
Quanto: de R$ 45 a R$ 75




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