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ARTES PLÁSTICAS
Hildebrando de Castro e Laerte Ramos abrem exposição hoje
Artistas mostram novos olhares sobre si mesmos
ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os trabalhos que Hildebrando
de Castro e Laerte Ramos mostram, a partir de hoje, na galeria
Triângulo, sinalizam novos olhares sobre suas próprias obras.
Depois de sete anos morando e
pesquisando em Nova York, Hildebrando, 46, voltou ao Brasil no
fim do ano passado para, pela primeira vez, morar em São Paulo.
Além da mudança física, sua obra
também experimentou transformações, em curso já há cinco
anos: a transição do pastel para a
pintura e, pela primeira vez, a realização de paisagens.
As imagens, em grandes formatos, vieram de fotos de cartões-postais das cataratas de Foz do
Iguaçu, trabalhadas, na pintura
de Hildebrando, em tons de cinza.
"A pintura é nova para mim",
conta. "Não conseguia reproduzir
a luz, as veladuras, as transparências da fotografia em pastel, alguns trabalhos paravam por causa dessas limitações, por isso mudei para a pintura."
"Antes, quando eu fazia os retratos em pastel, todo mundo
achava que era pintura. Agora, todo mundo acha que a pintura é
pastel", brinca, sobre as semelhanças guardadas entre as duas
"fases" de sua produção.
As sombrias vistas das quedas
d'água executadas com habilidade peculiar por Hildebrando, que
marca fortemente o movimento
daquelas paisagens, não eram, no
entanto, a primeira opção para a
mostra. O artista iria exibir uma
série de retratos de uma só mulher, várias pinturas em seqüência
de movimento, que foram mostradas em abril deste ano na galeria Laura Marsiaj, no Rio. "Conversando com Ricardo [Trevisan,
da Triângulo], chegamos a essas
pinturas. Elas são como imagens
de memória, refúgios."
Já Laerte Ramos, 26, mostra, no
mezanino da galeria, a exposição
"Acesso Negado", com suas também inéditas peças em cerâmica,
as primeiras esculturas que expõe. São trabalhos recentes, "literalmente saídos do forno", segundo o artista, que transportou pequenos pedaços da série de xilogravuras "Sobre Rodas" para a escultura. "A xilo é a raiz do meu
trabalho. Posso fazer pintura, escultura, vídeo, mas sempre carrego o pensamento da gravura", diz.
A série "Sobre Rodas", desenvolvida desde 2001, mostra máquinas e veículos inventados pelo
artista a partir de elementos reais,
sempre trabalhados em preto-e-branco. "Dá para olhar e imaginar
como essas imagens ficariam em
três dimensões, nas impressões
em preto-e-branco. Resolvi tentar
trabalhar essas coisas no plano
tridimensional, com peso, leveza,
entradas e saídas", explica Laerte,
que chamou as peças em cerâmica de "máquinas de invasão".
"Esse trabalho tem um aspecto
de colecionador e de auto-reprodução", pontua Laerte. "As imagens vão se reproduzindo com alterações, vêm do universo que venho desenvolvendo na gravura."
Em xilo, já são "mais de 300" imagens. "Quero chegar a 500, para
fazer um "Guia sobre Rodas"."
Além das "máquinas de invasão", Laerte apresenta soldadinhos de chumbo que têm a parte
de cima do tronco em formato de
casa, dispostos sobre um mapa
feito em serigrafia. Esses trabalhos começaram a ser desenvolvidos durante a estada do artista na
Suíça, onde estava por conta de
uma bolsa da Fundação Beyeler,
que ganhou na Trienal de Gravura Contemporânea de Locle, no
mês passado. "Nesses trabalhos,
entra o aspecto humano, o fato de
os soldadinhos serem brinquedos, mas feito de chumbo, um
material de guerra e tóxico. A parte de cima é onde tem o sentimento, a vontade dos soldados de voltar para a casa."
HILDEBRANDO DE CASTRO E LAERTE
RAMOS. Onde: Casa Triângulo (r. Paes de
Araújo, 77, Itaim, tel. 3167-5621).
Quando: hoje, às 19h; de seg. a sáb., das
11h às 19h. Quanto: entrada franca.
Preço das obras: de US$ 1.800 a US$
2.800 (de Laerte Ramos) e de US$ 8.000 a
US$ 10 mil (de Hildebrando de Castro).
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