Em show no Bourbon Street, cantora apresenta repertório do disco de estréia e reverencia Ella Fitzgerald e Clube da Esquina

Indagada sobre o déficit de rock na nova geração de intérpretes, diz: "Não farei companhia à Pitty, mas gosto de música de vingança"

Divulgação

A cantora Bruna Caram, que combina composições de Otávio Toledo e jazz em apresentação hoje

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ancorada num som que classifica como "MPB-pop do bom" ("tem essa idéia de que pop é música tosca, simplória; o genial é tentar fazer um simples de qualidade"), a cantora Bruna Caram, 21, aporta no Bourbon Street hoje, recém-chegada de um cruzeiro pelo sul do continente. Falando de algum ponto da costa catarinense, no último sábado, ela concedia, com certo fastio: "Não vejo a hora de voltar a trabalhar. Não agüento ficar parada em casa que anda. Quem anda sou eu".
Em suas andanças, a moça tem sido "acompanhada" pelo compositor Otávio Toledo: é ele o autor (sozinho ou em parceria) de todas as composições do disco "Essa Menina", trabalho de estréia da intérprete e base do repertório que ela apresenta nesta noite.
Eles se conheceram quando Toledo reuniu composições inéditas e saiu à procura de vozes para registrá-las. Sondada, a cantora Lucila Novaes não pôde aceitar o convite, mas indicou a sobrinha. "Ouvi as músicas em voz e violão já imaginando o que a gente poderia fazer de arranjo. Aceitei entrar no projeto querendo conduzir de um jeito que fosse de nós dois. É um CD autoral quase que disfarçado", conta Bruna.
Além do pop de "Palavras do Coração", "Signo de Câncer" e "Simples Cidade" (de Toledo), o show visita o Clube da Esquina (em "Feira Moderna", de Beto Guedes, e "Beijo Partido", de Toninho Horta) e, na tradição da casa, reverencia o jazz (com "Some of These Days", gravada por Ella Fitzgerald).
Dividindo-se entre os estudos (cursa música na Unesp) e os palcos, ela diz não ter pressa de lançar um segundo álbum.
"Sou muito volátil (risos). Fico pensando um tempão nas músicas, rescrevo o projeto várias vezes. Talvez comece a gravar no fim deste ano." E um DVD pode estar a caminho? "Não gosto de registro de estúdio.
Quero fazer careta em paz! Sou muito do tipo "apaga a luz, tira o sapato, descabela, faz muito gesto com a mão". Gostaria de fazer, sim, um DVD de show."
Indagada sobre a falta de roqueiras na nova geração de intérpretes, ela hesita. "Ó, eu não vou fazer companhia para a Pitty, não. Mas tem coisas fortes no meu show. Gosto muito de música de vingança." Hoje, ela vai à desforra às 22h30.