DA REPORTAGEM LOCAL

Suas esculturas estão espalhadas por São Paulo. Elas podem ser vistas na praça da Sé, no largo do Arouche e em prédios particulares. A partir de hoje, 53 obras de Nicolas Vlavianos, escultor grego radicado há 40 anos no Brasil, ocupam também o Museu de Arte Brasileira da Faap, em sua primeira grande retrospectiva na capital paulista.
Vlavianos, que nasceu em 1929, chegou ao Brasil em 1961, fazendo parte da delegação grega na 6ª Bienal Internacional de São Paulo, e resolveu ficar. Antes, havia morado em Paris por cinco anos.
"Na França eu ainda não tinha uma linguagem própria, foi aqui que desenvolvi meu trabalho. Ele é fruto de minha vivência no país, por isso me considero um artista brasileiro", conta Vlavianos.
Livre do que considera "as verdades imutáveis" da Europa, Vlavianos desenvolveu uma obra que mantém profundo diálogo com a estética construtivista brasileira.
O artista utiliza principalmente metais, como ferro, o bronze, o aço e o alumínio. Aos seus novos trabalhos, Vlavianos dá o nome de "obras sistemáticas". Isso porque elas têm um caráter flexível, podem ser montadas de várias maneiras, não têm uma forma final.
Para a mostra que abre hoje na Faap, onde é professor há 32 anos, o artista preparou 12 novas esculturas, de dimensões variáveis. A maior tem cerca de sete metros de altura, outras medem apenas alguns centímetros. "A dimensão da obra depende obviamente do espaço expositivo. Fiz aqui uma escultura que chega ao limite do teto do edifício", conta Vlavianos.
Em geral, o escultor não pretende dar forma a narrativas, mas sim o contrário. "Eu parto do abstrato, da forma pura, é no momento de dar um nome que as obras ganham uma história." Assim, "Nuvens", escultura que está na exposição, ganhou nome quando o artista percebeu a leveza de formas redondas pairando sobre outras mais retas. "Essas formas leves podem ser nuvens, por isso esse acabou sendo o nome da obra."
No Brasil, Vlavianos chegou a participar de quatro bienais e da importante mostra "Tradição e Ruptura", em 84, entre outras.
No exterior, o artista representou o país em exposições em Chicago, Washington e Nova York. (FCY)