São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007 |
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Blanchard toca seu jazz moderno em SP
Conhecido por suas trilhas para filmes de Spike Lee, trompetista americano se apresenta com quinteto no Bourbon Street
CARLOS CALADO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Os fãs decepcionados com o cancelamento dos shows de Terence Blanchard, no ano passado, têm duas chances para esquecer de vez aquela frustração. O trompetista americano toca com seu quinteto, hoje, no Bourbon Street, em São Paulo. Amanhã, se apresenta na sala Cecília Meireles, no Rio. Blanchard, 45, é um caso raro na cena musical. Desde os anos 80, desenvolve com sucesso carreiras paralelas de solista de jazz e autor de trilhas sonoras. Compositor preferido do cineasta Spike Lee, colaborou com ele em filmes como "Malcolm X" (1992), "A Última Noite" (2002) e "O Plano Perfeito" (2006), além do aqui inédito "When the Levees Broke" (2006), documentário sobre a tragédia do furacão Katrina, que quase destruiu a cidade de Nova Orleans, em 2005. "Ao escrever para um filme, devo ajudar o diretor a contar uma história. Como músico de jazz, posso contar minha própria história", disse Blanchard à Folha, no ano passado. "Os fundamentos musicais são os mesmos, nos dois casos, mas as intenções são diferentes." Se, nos trabalhos para o cinema, costuma usar diversos timbres e formatos instrumentais, inclusive orquestrais, como músico de jazz Blanchard tem predileção pelo clássico quinteto -formação do Jazz Messengers do baterista Art Blakey, que o revelou, em 1984. Naquele grupo, Blanchard assumiu o lugar deixado por Wynton Marsalis, seu influente amigo e conterrâneo de Nova Orleans. Porém, na carreira de solista, registrada em mais de uma dúzia de álbuns, tem demonstrado que não divide com ele a mesma concepção musical, especialmente a conservadora campanha de Marsalis em defesa do que seria "autêntico" no jazz. Isso é mais evidente em "Flow" (Blue Note, 2005), o último álbum de Blanchard. Estimulado por Herbie Hancock, que produziu o disco, o trompetista cruzou a fronteira do jazz acústico, usando instrumentos eletrônicos em arrojadas composições, que combinam traços de pós-bebop, jazz de vanguarda e world music. "Muito disso tem a ver com meu trabalho nos filmes, porque tenho usado sons de origem eletrônica nas trilhas. Então é natural que eu também passe a usar samplers e sintetizadores na música que faço com minha banda", diz o trompetista, que vem acompanhado por Brice Winston (sax tenor e soprano), Fabian Almazan (piano), Derrick Hodge (baixo) e Kendrick Scott (bateria). Cidadão comprometido com a reconstrução de Nova Orleans, onde continua vivendo, Blanchard acaba de convencer o conceituado Instituto Thelonious Monk a se instalar ali, na Universidade Loyola. Um feito que vai contribuir para fortalecer o ensino musical na cidade conhecida como "berço do jazz". TERENCE BLANCHARD Quando: hoje, às 21h e 23h30 Onde: Bourbon Street (r. dos Chanés, 127, Moema, tel. 5095-6100) Quanto: R$ 95 (couvert artístico) Índice |
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