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Mostra reúne clássicos do faroeste brasileiro
CCBB-SP exibe 23 filmes do gênero que ficou conhecido como "nordestern'
Na programação, estão filmes raros como "Memória do Cangaço" e "O Último Dia de Lampião", além de "Deus e o Diabo na Terra do Sol"
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Ao modo de seus protagonistas, a mostra "Nordeste, Cangaço e Cinema" ataca em outras
praças, depois de encher os
olhos do público da última edição do CineCeará e ser exibida
em Brasília e no Rio. O ciclo,
com seleção a cargo do especialista Marcelo Dídimo, exibe até
o dia 22, no Centro Cultural
Banco do Brasil paulistano, 23
títulos de um gênero com estimados 50 longas, médias e curtas-metragens.
No essencial "Cangaço - O Nordestern no Cinema Brasileiro", organizado pela jornalista e pesquisadora Maria do Rosário Caetano, aponta-se a aparição dos cangaceiros no cinema ainda nos anos 20, no filme
"Filho sem Mãe", de Tancredo
Seabra.
Mas é a partir dos anos 50
que o chamado "nordestern" se
afirma como gênero, com seus
filmes de ação protagonizados
por figuras de cangaceiros, nem
sempre no papel de heróis, e o
espaço do sertão como o lugar
mítico das aventuras desses
eternos foras-da-lei.
A ponta-de-lança é "O Cangaceiro", produção da Vera
Cruz dirigida por Lima Barreto
em 1953 e primeiro filme brasileiro premiado no Festival de
Cannes. O ciclo em cartaz no
CCBB traz o original de Barreto
e a refilmagem feita por Aníbal
Massaini em 1997, que serve
menos para comparar e mais
para entender o que aconteceu
no cinema brasileiro entre as
duas versões.
Pois a mostra funciona também como uma história dos vários ciclos do nosso cinema, das
várias tentativas de seduzir o
público com uma temática que
serve desde força de atração para o mais simples filme de ação
("Lampião, o Rei do Cangaço",
de 1962) até a recriação mítico-poética do universo cangaceiro
("Corisco e Dadá" e "Baile Perfumado", ambos dos anos 90).
Entre os dois extremos, há
lugar para o questionamento
simbólico e político de nossas
injustiças sociais feito pelo cinema novo (o clássico de Glauber "Deus e o Diabo na Terra do
Sol"), a reinterpretação shakespereana do mito (o raro "Faustão", feito por Eduardo Coutinho em 1971), a visita da pornochanchada ("As Cangaceiras
Eróticas", de 1974) e a apropriação burlesca ("O Cangaceiro Trapalhão", de 1983).
Para completar a riqueza da
seleção, a mostra é também
uma chance raríssima de ter
acesso a "Memória do Cangaço", "O Último Dia de Lampião", "A Mulher no Cangaço" e
"Lampião, Sonhos de Bandido", documentários e mistos de
documentário e ficção que reconstituem os cenários, as bases sociais do cangaço e o papel
da mulher e entrevistam sobreviventes da aventura.
NORDESTE, CANGAÇO
E CINEMA
Quando: de qua. a dom., até 22/5
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil
(r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651; programação e classificações no
site www.bb.com.br/cultura)
Quanto: entrada franca
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