São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

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Crítica/"1958 - O Ano em que o Mundo Descobriu o Brasil"

Documentário sobre a Copa de 1958 esquiva-se de questões espinhosas

Divulgação
Didi, jogador da seleção na disputa de 1958, em cena do filme "1958 - O Ano em que o Mundo..."

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Como reportagem, o documentário "1958 - O Ano em que o Mundo Descobriu o Brasil", de José Carlos Asbeg, é muito bom. Como cinema, nem tanto. Poderia ser um especial do SporTV ou da ESPN.
Aproveitando o gancho do 50º aniversário da conquista da primeira Copa do Mundo pelo Brasil, o filme reconstitui a trajetória vitoriosa da seleção brasileira na Suécia.
Além das imagens recuperadas dos jogos e da comemoração popular nas ruas, o trunfo do filme são os depoimentos de atores daquele feito, não só brasileiros (Nilton Santos, Djalma Santos, Zagallo, Zito, Pepe), mas também dos países adversários (suecos, ingleses, russos, franceses).
Falta um depoimento crucial: o de Pelé. Mas essa lacuna se deve, por certo, a uma recusa do próprio ex-jogador.
Uma falha maior do filme é explorar pouco os bastidores da preparação brasileira. Fala-se, a certa altura, que foi a primeira vez que a seleção teve uma comissão técnica mais profissional. Mas não se desenvolve o ponto.
Ao tentar comprovar a tese de que em 1958 o Brasil superou seu "complexo de vira-lata" e se impôs pela primeira vez ao mundo, o filme se esquiva de aspectos espinhosos.
Entre eles, a resistência inicial dos dirigentes a atletas negros (citada nas memórias de Nilton Santos) e as trapalhadas da preparação "científica" do escrete (Garrincha, por exemplo, quase foi vetado devido a um teste psicotécnico).
Mostrar que o erro está contido na história dos grandes triunfos daria mais grandeza a esse digno documentário.


Avaliação: regular


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