São Paulo, domingo, 15 de julho de 2007

Próximo Texto | Índice

Anima termina celebrando McLaren

Célebre animador do National Film Board do Canadá, considerado padrinho do festival, ganha retrospectiva em película

Em seu último dia, festival também exibe o longa brasileiro "Garoto Cósmico", de Alê Abreu, derradeiro trabalho do ator Raul Cortez

Divulgação
Cena da animação "Neighbours", de Norman McLaren, vencedora do Oscar de 1952 e integrante da retrospectiva exibida hoje no Memorial da América Latina


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Acreditando que quem sai aos seus não degenera, o Anima Mundi aproveita a celebração de seus 15 anos -que se encerra hoje, no Memorial da América Latina- para homenagear seu padrinho, Norman McLaren (1914-1987).
Um dos principais animadores da história, criador de técnicas inovadoras e dono de uma filmografia premiada, o escocês McLaren fundou o departamento de animação do National Film Board, no Canadá, uma das grandes referências internacionais no gênero.
Foi lá que inventou, por exemplo, a técnica que ficaria conhecida como "pixilation", que consiste em utilizar em pessoas reais o mesmo princípio de animação de bonecos, como pode ser visto no curta "Neighbours", vencedor do Oscar de melhor animação em 1952, que será exibido hoje.
Foi também no NFB que encontraria -ou melhor, seria encontrado por- Marcos Magalhães, na época (1981) um estudante que teve McLaren como professor e que, ao voltar do Canadá, seria instrutor de um curso de animação do qual participou o trio com quem criaria o Anima Mundi -Aída Queiroz, Cesar Coelho e Léa Zagury.
A sessão que homenageia McLaren, hoje, às 18h, tem cópias restauradas de algumas de suas obras mais famosas.
Além da parábola "Neighbours", há o premiado balé de "Pas de Deux" (1968), os recortes animados do folclórico "Le Merle" (1958) e a animação de bico de pena "Hen Hop" (1942).

Animação brasileira
O outro grande destaque do último dia do festival é a exibição de um dos raros longas brasileiros de animação, "Garoto Cósmico", de Alê Abreu, 36.
O desenho infantil, feito em lápis sobre papel e com animação 2D e 3D, marca o último trabalho do ator Raul Cortez (1932-2006), que dubla o personagem Giramundos e morreu faltando pouco para a conclusão do filme.
Participante do primeiro Anima Mundi, em 1993 (com "Sírius"), e vencedor do prêmio de melhor filme brasileiro na edição de 1998 (por "Espantalho"), Abreu levou sete anos para concluir "Garoto Cósmico".
A demora é explicada pela enxuta equipe de 15 pessoas ("Ratatouille", da Pixar, levou três anos para ser feito com 450 animadores) e pelo perfeccionismo do diretor.
"Eu fiz o filme que queria, quando o cansaço batia e eu estava a ponto de abrir mão de algumas coisas, parava e dava um tempo, para fazer sem concessões", diz Abreu.
Sua colorida obra tem trilha sonora do argentino Gustavo Kurlat interpretada por gente como Arnaldo Antunes e Vanessa da Mata, além da participação de Belchior na dublagem.
O longa conta a história de um trio de crianças (Cósmico, Luna e Maninho) que vive em um futuro hipercontrolado à la "Matrix", e que descobrem o planeta Girassol, onde habitam Giramundos e seu circo.
Definido como "uma aventura barroco-científica", por sua mistura de ficção futurista com história de circo, "Garoto Cósmico" custou R$ 1,7 milhão e foi patrocinado por leis de incentivo.

Próximo Texto: Aardman é destaque em sessão infantil
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.