CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha

Um debate abordando o processo criativo que envolve a produção de trilha sonora para cinema será realizado hoje, às 20h30, na sala Vermelha do Itaú Cultural, com a presença de três conceituados músicos: Livio Tragtenberg, Paulo Santos (integrante do grupo Uakti) e Caíto Marcondes.
Há muito vem sendo discutido o posicionamento da música funcional, questionando-se se ela deve ou não ser considerada uma arte maior.
"Quero levantar nesse debate uma coisa interessante dita pelo maestro Koellreutter. Quando eu estudava com ele, foi dito que a música de concerto tinha chegado ao fim. Ele falava da música erudita, naturalmente. O último grande compositor de sala de concerto, na opinião dele, foi Stravinsky, e o futuro da música erudita era ser funcional, passando a ser um complemento de um filme, um balé, um vídeo ou de uma peça para teatro", disse o percussionista e compositor Caíto Marcondes, responsável pela trilha do filme "O Cineasta da Selva", entre outras.
Segundo o músico, embora já feito à exaustão em mercados como o norte-americano e o europeu, só agora o mercado brasileiro começa a dar uma certa importância às trilhas realizadas no país, lançando-as em CD.
"Isso chama a atenção pelo fato de que boas trilhas, isoladas dos filmes, têm uma alta qualidade musical e podem ser apreciadas, deixando livre para o ouvinte a criação de suas próprias imagens", explicou o músico.
O saxofonista Livio Tragtenberg, autor do recém-lançado livro "Música de Cena", apresentará material de dois filmes: "Mandarim", do diretor Julio Bressane, e "Através da Janela", da cineasta Tata Amaral.
"Pretendo tocar algumas coisas sem a imagem, mostrá-las sem o som e depois os dois juntos", disse o músico.

Debate: Três Visões da Trilha Sonora
Com: Livio Tragtenberg, Paulo Santos e Caíto Marcondes
Quando: hoje, às 20h30
Onde: Itaú Cultural - sala Vermelha (av. Paulista, 149, Bela Vista, região central da cidade, tel. 238-1700)
Quanto: gratuito


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