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Crítica/"Perigo em Bangkok"
Matador busca aposentadoria em filme policial restrito às convenções
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
A reinvenção de Nicolas
Cage como astro de filmes de ação, desenhada
em filmes como "A Rocha"
(1996), "Con Air - A Rota da Fuga" (1997) e "A Outra Face"
(1997), já alcança a fase da auto-referência, na qual os elementos da trama são organizados
em torno de sua personalidade,
em "Perigo em Bangkok".
Os irmãos gêmeos chineses
Oxide e Danny Pang ("The Eye
- A Herança") já haviam dirigido outro filme com o mesmo título no início de carreira, em
1999, sobre uma insólita dupla
de assassinos profissionais tailandeses, chefiada por um surdo-mudo, que procura sobreviver a uma nova ordem no submundo local.
Na refilmagem, que começa
em Praga, o matador é supostamente um norte-americano
(Cage) que atua em diversos
países como uma espécie de
fantasma, sem deixar rastros.
Está cansado, no entanto, e planeja a aposentadoria após executar seus últimos quatro trabalhos em Bancoc (Tailândia).
Ao chegar, como habitualmente faz, recruta um assistente local (Shahkrit Yamnarm),
que se revela um pouco mais
atrapalhado e bisbilhoteiro do
que deveria. Entre os dois, nasce uma relação de mestre e pupilo. Paralelamente à execução
dos serviços, o matador também se envolve com uma miragem romântica.
Quase não se vê a luz do dia
neste policial realizado com domínio das convenções do gênero, pintando Bancoc com traços sombrios e exóticos, como
se fosse vista por alguém que
não compreende direito o lugar, que não sabe se mover direito nessa sociedade, mas está
ali apenas para cumprir tarefas
e depois ir embora.
Não por acaso, o personagem
de Cage só consegue estabelecer uma relação saudável com
alguém que não ouve nem fala,
e que não o imagina um matador, com aquela cara de sonso.
Pudera: pouco mais de dez anos
atrás, nenhum espectador de
cinema imaginaria.
Avaliação: regular
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