São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2008

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Crítica/"Perigo em Bangkok"

Matador busca aposentadoria em filme policial restrito às convenções

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

A reinvenção de Nicolas Cage como astro de filmes de ação, desenhada em filmes como "A Rocha" (1996), "Con Air - A Rota da Fuga" (1997) e "A Outra Face" (1997), já alcança a fase da auto-referência, na qual os elementos da trama são organizados em torno de sua personalidade, em "Perigo em Bangkok".
Os irmãos gêmeos chineses Oxide e Danny Pang ("The Eye - A Herança") já haviam dirigido outro filme com o mesmo título no início de carreira, em 1999, sobre uma insólita dupla de assassinos profissionais tailandeses, chefiada por um surdo-mudo, que procura sobreviver a uma nova ordem no submundo local.
Na refilmagem, que começa em Praga, o matador é supostamente um norte-americano (Cage) que atua em diversos países como uma espécie de fantasma, sem deixar rastros. Está cansado, no entanto, e planeja a aposentadoria após executar seus últimos quatro trabalhos em Bancoc (Tailândia).
Ao chegar, como habitualmente faz, recruta um assistente local (Shahkrit Yamnarm), que se revela um pouco mais atrapalhado e bisbilhoteiro do que deveria. Entre os dois, nasce uma relação de mestre e pupilo. Paralelamente à execução dos serviços, o matador também se envolve com uma miragem romântica.
Quase não se vê a luz do dia neste policial realizado com domínio das convenções do gênero, pintando Bancoc com traços sombrios e exóticos, como se fosse vista por alguém que não compreende direito o lugar, que não sabe se mover direito nessa sociedade, mas está ali apenas para cumprir tarefas e depois ir embora.
Não por acaso, o personagem de Cage só consegue estabelecer uma relação saudável com alguém que não ouve nem fala, e que não o imagina um matador, com aquela cara de sonso. Pudera: pouco mais de dez anos atrás, nenhum espectador de cinema imaginaria.

Avaliação: regular


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