São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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Crítica/"Lírios d'Água"

Filme de estréia de cineasta francesa tenta parecer mais profundo do que é

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

A necessidade, auto-imposta, de diretores estreantes entrarem no mundo do cinema carregando o estandarte da autoria acarreta com freqüência perda de interesse para o espectador que cai nesse tipo de armadilha. O jovem cinema francês, como jovens cinemas do mundo afora, é pródigo nessas tentativas, que passam tão rápido quanto são esquecidas.
A da vez se intitula "Lírios d'Água", estréia da diretora Céline Sciamma, e acompanha o despertar sexual de três garotas adolescentes. A proposta é revelar, na perspectiva de Marie, cujo corpo ainda não configurou as formas femininas, o mecanismo da sedução exercido pelo contato (visual, tátil) com duas outras jovens de físicos já marcadamente erotizados.
Todo passado no universo de meninas que praticam nado sincronizado, o filme investe na observação dos corpos, tentando equilibrar curiosidade e espanto, atração e pudor. Ao contrário, porém, do que alcança, por exemplo, Lucrecia Martel em "A Menina Santa", o erotismo de Sciamma permanece refém da eloqüência conceitual vazia de capacidade expressiva.
A trama rala e de conflito indeterminado, composta quase só de um modo difuso de representar o desejo, acaba acentuando a impressão de um trabalho cujo maior defeito é tentar parecer mais profundo do que de fato consegue ser.


LÍRIOS D'ÁGUA
Produção:
França, 2007
Direção: Céline Sciamma
Com: Pauline Acquart, Louise Blachère, Adele Haenel
Onde: Em cartaz no HSBC Belas Artes; classificação: 14 anos
Avaliação: ruim


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