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São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Espaço, que não apresenta exposições contínuas há quatro anos, completa quatro décadas de existência

MAC volta às mostras e põe acervo em relevo

Divulgação
Gravura digital da série "Livro das Telhas"


ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Com uma série de mostras, e nunca sem esquecer seu acervo, o Museu de Arte Contemporânea retoma suas atividades no parque Ibirapuera, ocupando o terceiro andar do Pavilhão Francisco Matarazzo Sobrinho, o "prédio da Bienal", que sedia, nos outros pavimentos, a 5ª Bienal de Arquitetura e Design.
A volta ao espaço, depois de quatro anos sem exposições contínuas, coincide com os 40 anos do museu.
A comemoração aproveita a realização da Bienal para estabelecer um diálogo com o evento por meio da mostra "Metáforas da Metrópole", em que obras contemporâneas de artistas como Franz Weissmann, Leon Ferrari, Carlos Delfino e Kenny Scharf, que pertencem ao acervo do MAC, foram reunidas em consonância com o tema principal da Bienal.
O acervo é também o protagonista de "40 Anos, 40 Artistas", com trabalhos de Ivald Granato (fotografia), Takashi Fukushima, José Spaniol, Guto Lacaz e Sandra Tucci, entre outros.
No módulo "Escrita de Luz", a coleção aparece em "Janela de Cores", com obras de artistas importantes, como os estrangeiros Alexander Calder, René Portocarrero, Max Ernst, Kandinsky, Marc Chagall. Entre os brasileiros estão Manabu Mabe, Ianelli, Carmela Gross, Alex Flemming e Tarsila do Amaral.
No mesmo módulo, há três exposições individuais. A artista plástica brasileira Josely Carvalho, radicada há 40 anos nos EUA, mostra seu "Livro das Telhas".

Modos digitais
A obra-projeto de Carvalho parte do processo de manufatura das telhas, antigamente moldadas nas coxas de escravos, para chegar à investigação de modos digitais de produção da arte.
"Dou muito valor ao trabalho manual, braçal. Quando comecei a trabalhar com a internet, tive de aprender tudo da estaca zero, e esse trabalho manual ficou um pouco de lado. Agora, realizo uma combinação do que é artesanal com a tecnologia, voltei ao uso da mão", conta a artista.
Tendo começado como gravadora, no ateliê de Marcello Grassmann, Carvalho diz não ter perdido a ligação com a técnica. "Para mim, qualquer técnica que eu use, vídeo ou internet, é uma extensão do meu trabalho como gravadora. A gravura tem uma integridade muito verdadeira." Das muitas junções da artista, nascem amálgamas entre deusas indianas, a tartaruga e os reflexos de Carvalho, em imagens imensas.

Cenas do cotidiano
As grandes dimensões representam ponto importante em outra mostra do espaço, "Ver no Escuro", da artista italiana Benedetta Bonichi.
Por meio de suas radiografias, Bonichi mostra cenas do cotidiano pelo avesso e consegue provocar reflexão sobre a percepção da realidade.
Também expõe na mostra o fotógrafo taiwanês Tsai Jung Li, que acompanhou um grupo de 43 monges budistas numa volta em torno de Taiwan. "Rio Amarelo", nome da exposição, é como o artista se refere aos monges, que "trazem a bênção e levam a tristeza embora".

MAC USP - 40 ANOS. Reabertura do espaço do MAC com exposição de obras do acervo e mostras de Josely Carvalho, Tsai Jung Li e Benedetta Bonichi. Quando: hoje, às 19h; de ter. a dom., das 10h às 19h; até 7/12. Onde: Pavilhão Francisco Matarazzo Sobrinho (parque Ibirapuera, s/nº, portão 3, tel. 5573-5255). Quanto: entrada franca.


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