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MÚSICA
Compositor belga, autor da trilha do filme "1,99", de Marcelo Masagão, se apresenta hoje no Sesc Vila Mariana
Mertens evoca minimalismo romântico
GUILHERME WERNECK
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA
Aos 25 anos, nos Estados Unidos, o compositor belga Win
Mertens, 50, entrou em contato
pela primeira vez com a música
minimalista. Um encontro que
marcaria toda a sua carreira.
"Psicologicamente, foi muito
importante ver algo novo acontecendo nos Estados Unidos quando eu era muito jovem. Foi um
encorajamento para eu não seguir
a vanguarda centro-européia, que
propunha uma composição muito de vanguarda, muito intelectualizada. Ao mesmo tempo, eu
me afastei da música minimalista
conceitual americana, o que foi
importante para a busca da minha própria voz", afirma o compositor, para quem o minimalismo foi o "último "ismo" da história da música, a última vez em que
artistas fizeram um movimento
em grupo. Depois, a música se
tornou cada vez mais uma expressão individual".
Mertens, 50, que veio ao Brasil
para a estréia do filme "1,99", de
Marcelo Masagão, para o qual
compôs a trilha sonora, se apresenta hoje no Sesc Vila Mariana.
"A apresentação será dividida
em duas partes. Sozinho, vou
apresentar, em estréia mundial, as
principais partes da música que
compus para "1,99". Em dupla
com o saxofonista e clarinetista
Dirk Descheemaeker, meu parceiro há mais de 20 anos, vou tocar peças variadas da música que
compus nos últimos 25 anos. Será
um encontro do meu piano e da
minha voz e com um solista",
adianta o compositor.
Entre as peças que Mertens
apresentará, estão composições
dos discos "Not at Home", "Vergessen" e "Struggle for Pleasure",
todos do começo dos anos 80,
além de peças de seu mais recente
trabalho com orquestra, "Skopos" (2003). E ele promete interpretações singulares. "Embora seja música escrita, o mais importante é a interpretação. Tenho
uma relação ambígua com a notação musical. Eu preciso dela, mas
ela também é minha inimiga, pois
quero ir sempre além", diz.
Mesmo cobrindo mais de 20
anos de composição e apesar de
Mertens ter, nesses anos, composto peças eletrônicas -como
"Pinball", em que ele usava somente sons de máquinas de fliperama- , peças para piano e voz,
para duos e grandes ciclos para
orquestra, esse programa não deve ser marcado por contrastes.
Isso porque a música que Mertens perseguiu nos últimos 25
anos é marcada pelas estruturas
enxutas do minimalismo e pela
criação de belas melodias, numa
clara evocação romântica.
O mesmo romantismo presente
na trilha sonora de outro filme de
Masagão, "Nós que Aqui Estamos
por Vós Esperamos" e na trilha
mais famosa composta pelo belga: a de "O Sonho de um Arquiteto", de Peter Greenaway, um clássico dos anos 80.
WIN MERTENS DUO. Concerto no qual o
compositor mostra as músicas do filme
"1,99", de Marcelo Masagão. Onde: Sesc
Vila Mariana (r. Pelotas, 141, Vila
Mariana, tel. 5080-3000). Quando: hoje,
às 21h. Quanto: R$ 20.
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