BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Se há um DJ que, esteticamente, representa a figura de seu selo, este é o francês David Carretta. Com um bigodinho cafajeste (de gigolô?), ele tem o posto de membro fundador do International Deejays Gigolo.
Oportunidade para os fãs do electro sentirem-se um pouquinho em Berlim, sede dos "gigolôs", os "novos" DJs e produtores de electro. O adjetivo vai entre aspas porque Carretta já ensaia passos na eletrônica desde os anos 80. É um veterano que cai como uma luva nos atuais tempos brasileiros de adoração ao electro.
"Sinto-me parte dessa cena, mas não tenho muita certeza sobre essa badalação. Talvez seja algo exagerado", diz à Folha.
Na festa, o francês vai tocar em dois momentos -um live set e um DJ set. "Ao vivo, toco apenas minhas músicas e alguns remixes que eu fiz. Gosto de colocar novas criações a todo o momento", explica. "Não gosto de tocar minhas músicas antigas: é como um DJ que compra discos novos, guarda no seu "case" e toca apenas os discos velhos." Será difícil, no entanto, fugir de "Vicious Game", sua faixa mais conhecida.
Como os outros artistas da Gigolo, Carretta vasculha o passado e constrói novas estruturas sonoras. Mas aqui, além do electro dos anos 80 -com seus timbres sombrios-, a inspiração flui pela disco e tecno, parentes próximos de Giorgio Moroder e do som antigo de Detroit. "Comprei meu primeiro sintetizador em 1988, quando comecei a fazer "jams" com alguns amigos. Como nasci em 1967, passei pelo punk, new wave....essa é a minha música."
Música retrô-futurista espelhada na estética de Carretta, que faz referências kitsch no encarte do CD "Le Catalogue Electronique" (1999), lançado no Brasil.
Para quem não considera o electro-gigolô sinônimo de funk de butique, vale dizer que a agência brasileira de DJs Smartbiz, responsável pela vinda de Miss Kittin e Vitalic, fez uma parceria com o selo alemão. Até o fim do ano, farão apresentações por aqui gente como The Hacker, Savas Pascalidis e Tiga.