São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 2011

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Paradigma de cinema ousado, "Limite" é exibido hoje

Cinemateca comemora com projeção os 80 anos da primeira vez que obra do cineasta Mário Peixoto foi mostrada ao público

CRÍTICO DA FOLHA

Poucos filmes têm história tão acidentada quanto a de "Limite", que hoje comemora os 80 anos da primeira vez que foi mostrado em público.
O crítico Almeida Salles contava que na projeção inaugural, o filme foi recebido a tomatadas; seu autor, Mário Peixoto (1908-1992), prometeu que o filme nunca mais seria visto no Brasil.
Com efeito, Peixoto tirou o filme de circulação. Em troca, apareceu a célebre carta de Eisenstein elogiando o filme; mas a carta nunca foi escrita. Não por Eisenstein.
Invisível, o filme foi atacado por Glauber Rocha. Ou antes, foi tanto o mito em torno de "Limite", que o cineasta baiano rejeitou, quanto a atitude de Peixoto, que nunca mais faria nenhum filme.
Só nos anos 1970 Peixoto permitiu o restauro de "Limite", e o filme pôde então voltar a ser mostrado. Não inteiro: havia partes irremediavelmente deterioradas.
O que não impediu o espanto geral diante da força e da fluidez das imagens, do uso inventivo da câmera do fotógrafo Edgar Brazil, da poesia de cada imagem.
Duas mulheres e um homem estão em um barco à deriva no meio do mar. Cada um deles narra como chegou à situação em que se acha.
Mas o pensamento de Mário Peixoto não se vincula à ideia de uma condição humana eterna, universal e infeliz.
Será o caso de pensar que neste filme cada um é responsável por suas algemas.
Ou de deixar-se levar pelo encanto imbatível das imagens.
O certo é que desde então o mito de "Limite" não parou de crescer. Mário tirava quase tudo de quase nada, como definiu Júlio Bressane. "Limite" tornou-se paradigma de um cinema livre, ousado e original.(INÁCIO ARAUJO)

LIMITE
QUANDO hoje, às 20h
ONDE Cinemateca Brasileira (lg. Senador Raul Cardoso, 207; 3512-6111, ramal 215)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO não informada




Próximo Texto: Crítica drama: Filme de Peter Weir só vai bem quando ignora comunismo
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.