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São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Exposição no Sesc Pompéia reúne produção de israelenses e palestinos com obras de artistas nacionais

Brasileiros intervêm na ocupação palestina

Divulgação
Obra de Maria Bonomi que está exposta em "Israel e Palestina: Dois Estados para Dois Povos"


ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Apresentada em Israel e no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, no início deste ano, a exposição "35 Gravuras - 35 Anos de Ocupação", que reúne 35 obras de artistas israelenses e palestinos, chega a São Paulo como "Israel e Palestina: Dois Estados para Dois Povos" e com o acréscimo de 35 obras de artistas brasileiros.
A interseção entre os três países é feita através do artista plástico Gershon Knispel, 70, israelense que viveu no Brasil nos anos 50 e 60 -partiu em 64 por ocasião do regime militar- e voltou ao país recentemente.
Knispel, fundador da Associação dos Artistas Plásticos de Israel no início dos anos 80, hoje coordena também o Projeto Portas Abertas/"Caros Amigos", que promove a troca entre artistas israelenses, palestinos e brasileiros.
"Criamos em 1982 a organização não-governamental "Israelenses e Palestinos pela Liberdade de Expressão", para tentar dar espaço principalmente aos artistas palestinos, que nos comunicaram na época que eram impedidos de expor em suas cidades, ocupadas", explica Knispel, curador da exposição que pode ser vista a partir de amanhã no galpão do Sesc Pompéia.
Dentre os 35 estrangeiros, estão artistas como Suleiman Mansour, que representou a Palestina na 25ª Bienal de São Paulo, no ano passado, e Gal Weinstein, representante de Israel no mesmo evento. Há ainda nomes ressonantes no cenário artístico internacional, como Yigal Tumarkin, David Reeb e a fotógrafa palestina Rula Halawani.
"A exposição é, por um lado, um protesto pela situação que foi criada pela ocupação, pois os assentamentos foram um dos erros mais graves que o governo de Israel cometeu. Mas é também para mostrar que há um intercâmbio natural de criadores, que são dois lados vivendo embaixo do mesmo céu e em cima da mesma terra", sintetiza Gershon Knispel.
Boa parte das obras brasileiras presentes foram produzidas especialmente para a exposição, como a tela que Tomie Ohtake, 95, pintou com as cores das bandeiras de Israel e da Palestina, ou a produção conjunta entre Knispel e Oscar Niemeyer. "Em 64, visitei Jerusalém com Niemeyer e fiz alguns desenhos da cidade. Recentemente, ele se lembrou daquela produção e perguntou por que eu não as usava na exposição", conta o curador. Sobre as paisagens de Jerusalém, estão desenhos que Niemeyer fez para os sem-terra e que acabaram se encaixando.
Há ainda trabalhos de Maria Bonomi, Antonio Henrique Amaral, Emanoel Araujo, Gregório Gruber, José Roberto Aguilar, Silvia Mecozzi, Tomoshige Kusuno, Flávio Império, Paulo von Poser e Paulo Caruso, entre outros.
A partir do dia 22, o espaço abrigará também palestras e debates sobre os conflitos entre israelenses e palestinos.

ISRAEL E PALESTINA: DOIS ESTADOS PARA DOIS POVOS. Quando: vernissage amanhã, às 20h. De ter. a sáb.: das 9h às 22h. Dom.: das 9h às 20h. Até 17/8. Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Água Branca, tel. 3871-7700). Quanto: entrada franca.


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