São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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TEATRO
Última encenação de texto de Feydeau em SP foi há 15 anos
Jandira Martini monta comédia "Gato por Lebre"

ANA PAULA RAGAZZI
free-lance para a Folha

Um quiproquó. Esta é a palavra que melhor define a peça "Gato por Lebre", em cartaz no Cultura Artística, de acordo com a diretora Jandira Martini.
O texto foi escrito em 1888 pelo francês Georges Feydeau e conta a história de Pacarel, um rico fabricante de açúcar dietético da Paris do início do século.
Pacarel tem dinheiro, mas ainda não conseguiu o que mais deseja: ser aceito socialmente. "Ele é o emergente dos nossos dias", diz Jandira.
A melhor maneira de realizar seu sonho aparece quando sua filha, Julie, compõe uma ópera.
Pacarel decide contratar o tenor mais famoso da época para encenar a obra de Julie na Ópera de Paris.
Enquanto todos aguardam a chegada do tenor, vindo de Bordeaux, quem aparece é Dufausset, filho de um velho amigo da família, que é imediatamente confundido com o cantor de ópera.
Dufausset passa o tempo todo tentando desfazer a confusão, mas ninguém lhe dá ouvidos.
"Esse é só o primeiro de uma série de mal-entendidos. Uma pessoa parece não ouvir o que a outra está dizendo e a confusão aumenta cada vez mais", conta Jandira.
Para piorar a situação, o jovem ainda desperta a paixão nas mulheres da casa, inclusive na mulher de Pacarel, Marthe.
Jandira Martini também é responsável pela tradução e adaptação do texto. "Precisei fazer apenas algumas modificações de linguagem. A montagem é bastante fiel."

Quinze anos
Jandira decidiu montar Feydeau no ano passado. "Estava escolhendo textos dele para participar de uma leitura na Sociedade Lítero-Dramática Gastão Tojeiro e deparei com este, que não conhecia."
A diretora, ao lado de Francarlos Reis, Roney Facchini e Ariel Moshe -que integram o elenco de "Gato por Lebre"-, participou da última montagem de uma peça de Feydeau na capital paulista, em 84, há 15 anos.
"Encenamos "Com a Pulga Atrás da Orelha", com direção de Gianni Rato- foi um enorme sucesso", diz.
Jandira considera um absurdo Feydeau ser tão pouco encenado por aqui. "Na minha avaliação, ele é o segundo maior comediante francês. O primeiro é Molière."
O teatro de Georges Feydeau (1862-1921) pode ser classificado como um vaudeville -tipo de obra composta de vários esquetes cômicos, com situações imprevistas e muito movimentadas.
Na escolha do elenco, Jandira convidou pessoas com quem já tinha trabalhado e conta que formou com eles uma espécie de cooperativa. "Não conseguimos patrocínio.Todos nós assinamos a produção", diz.


Peça: Gato por Lebre
Direção: Jandira Martini
Com: Francarlos Reis, João Vitti, Roney Facchini, Ariel Moshe e Simone Boer
Quando: quinta a sábado, às 21h; domingo, às 18h
Onde: teatro Cultura Artística - sala Rubens Sverner (r. Nestor Pestana, 196, tel. 258-3616)
Quanto: R$ 15 (quinta); R$ 25 (sexta e domingo); R$ 30 (sábado)


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