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TEATRO
Última encenação de texto de Feydeau em SP foi há 15 anos
Jandira Martini monta
comédia "Gato por Lebre"
ANA PAULA RAGAZZI
free-lance para a Folha
Um quiproquó. Esta é a palavra
que melhor define a peça "Gato
por Lebre", em cartaz no Cultura
Artística, de acordo com a diretora Jandira Martini.
O texto foi escrito em 1888 pelo
francês Georges Feydeau e conta a
história de Pacarel, um rico fabricante de açúcar dietético da Paris
do início do século.
Pacarel tem dinheiro, mas ainda
não conseguiu o que mais deseja:
ser aceito socialmente. "Ele é o
emergente dos nossos dias", diz
Jandira.
A melhor maneira de realizar
seu sonho aparece quando sua filha, Julie, compõe uma ópera.
Pacarel decide contratar o tenor
mais famoso da época para encenar a obra de Julie na Ópera de
Paris.
Enquanto todos aguardam a
chegada do tenor, vindo de Bordeaux, quem aparece é Dufausset,
filho de um velho amigo da família, que é imediatamente confundido com o cantor de ópera.
Dufausset passa o tempo todo
tentando desfazer a confusão,
mas ninguém lhe dá ouvidos.
"Esse é só o primeiro de uma série de mal-entendidos. Uma pessoa parece não ouvir o que a outra
está dizendo e a confusão aumenta cada vez mais", conta Jandira.
Para piorar a situação, o jovem
ainda desperta a paixão nas mulheres da casa, inclusive na mulher de Pacarel, Marthe.
Jandira Martini também é responsável pela tradução e adaptação do texto. "Precisei fazer apenas algumas modificações de linguagem. A montagem é bastante
fiel."
Quinze anos
Jandira decidiu montar Feydeau no ano passado. "Estava escolhendo textos dele para participar de uma leitura na Sociedade
Lítero-Dramática Gastão Tojeiro
e deparei com este, que não conhecia."
A diretora, ao lado de Francarlos Reis, Roney Facchini e Ariel
Moshe -que integram o elenco
de "Gato por Lebre"-, participou da última montagem de uma
peça de Feydeau na capital paulista, em 84, há 15 anos.
"Encenamos "Com a Pulga
Atrás da Orelha", com direção de
Gianni Rato- foi um enorme sucesso", diz.
Jandira considera um absurdo
Feydeau ser tão pouco encenado
por aqui. "Na minha avaliação, ele
é o segundo maior comediante
francês. O primeiro é Molière."
O teatro de Georges Feydeau
(1862-1921) pode ser classificado
como um vaudeville -tipo de
obra composta de vários esquetes
cômicos, com situações imprevistas e muito movimentadas.
Na escolha do elenco, Jandira
convidou pessoas com quem já tinha trabalhado e conta que formou com eles uma espécie de
cooperativa. "Não conseguimos
patrocínio.Todos nós assinamos
a produção", diz.
Peça: Gato por Lebre
Direção: Jandira Martini
Com: Francarlos Reis, João Vitti, Roney
Facchini, Ariel Moshe e Simone Boer
Quando: quinta a sábado, às 21h;
domingo, às 18h
Onde: teatro Cultura Artística - sala
Rubens Sverner (r. Nestor Pestana, 196,
tel. 258-3616)
Quanto: R$ 15 (quinta); R$ 25 (sexta e
domingo); R$ 30 (sábado)
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