São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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ARTES PLÁSTICAS

Trabalhos da artista podem ser vistos em mostras na Estação Pinacoteca, na Pinacoteca do Estado e no MAC USP

Exposições reúnem várias faces de Tarsila

GUSTAVO FIORATTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um dos nomes essenciais da irrupção do movimento modernista na São Paulo dos anos 20, a obra de Tarsila do Amaral (1886-1973) nem sempre se encontra à disposição do público que visita os acervos fixos e as exposições em cartaz na cidade. Três mostras -na Pinacoteca do Estado, na Estação Pinacoteca e no Museu de Arte Contemporânea da USP- ajudam a quebrar esse jejum.
"A falta de um acervo que reúna essas obras, assim como outros trabalhos de modernistas importantes, é uma das grandes falhas do circuito de museus de São Paulo", critica a historiadora de arte Maria Alice Milliet, responsável pela organização da mostra "Mestres do Modernismo", em cartaz na Estação Pinacoteca.
"Essa retomada espontânea do trabalho de Tarsila é, portanto, uma boa oportunidade", destaca a historiadora.
"É possível ter uma idéia de todos os momentos da produção de Tarsila por meio dessas exposições. É uma pena que não exista um lugar que reúna esses trabalhos", observa Maria Alice.
Para esta coleção estilhaçada pela cidade, a Pinacoteca do Estado contribui com duas obras, expostas na mostra "Mulheres Pintoras" (em cartaz somente até hoje), com trabalhos de mulheres que, ao longo do século passado, se destacaram no cenário das artes plásticas brasileiras.
Entre os trabalhos, uma das telas, "Natureza Morta" (1918), exemplifica a produção da jovem Tarsila que antecede o movimento modernista. Trata-se de uma obra que ainda traz características do academicismo e da tradição de pintar por observação.

Destaque
Ainda na Pinacoteca está "Manacá" (1927), esta sim uma obra emblemática das idéias modernistas de Tarsila, o que se traduz na maior importância desse trabalho entre os expostos na Estação Pinacoteca e no MAC da USP.
"Manacá" já apresenta as paisagens brasileiras por meio de formas geométricas, revelando a pesquisa de Tarsila em busca de cores muito específicas para retratar a diversidade da natureza do país.
A fase em que se insere essa obra, chamada de "Pau-Brasil", e que enfatiza a busca por uma identidade nacional nas artes, está representada pela tela "Carnaval em Madureira" (1924), exposta na mostra "Mestres do Modernismo", na Estação Pinacoteca (realizada em parceria com a Fundação José e Paulina Nemirovsky). Da mesma fase pertence "A Negra", que estava emprestada para o Museu de Arte Moderna de Tóquio e volta a ser exposta na próxima semana no MAC da USP.
Após o lançamento do "Manifesto Antropofágico" de Oswald de Andrade, em 1928, Tarsila passa a produzir sob inspiração do projeto oswaldiano, e daí surgem telas como "Floresta", que está no MAC da USP, e "Antropofagia", que está na Estação Pinacoteca, junto a "Operários" (1933), a mais representativa obra da chamada fase social, na produção da artista modernista.


MESTRES DO MODERNISMO. Onde: Estação Pinacoteca (r. General Osório, 66, Luz, região central, tel. 3337-0185). Quando: ter. a dom.: 10h às 18h. Até junho/2005. Quanto: R$ 4 (p/ estudantes: R$ 2, sáb.: grátis). MULHERES PINTORAS. Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, Bom Retiro, região central, tel. 3229-9844). Quando: até hoje, das 10h às 18h. Quanto: R$ 4 (p/ estudantes: R$ 2, sáb.: grátis).

MAC USP (r. da Reitoria, 160, Cidade Universitária, região oeste, tel. 3091-3039). Quando: Ter. a sex.: 10h às 19h. Sáb. e dom.: 10h às 16h. Em cartaz por tempo indeterminado. Quanto: grátis



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