São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 2006 |
Índice
TEATRO Criadores de "Porca Miséria" criticam a corrupção Com "Abafa", Jandira Martini e Marcos Caruso encaram "a porca política"
PEDRO IVO DUBRA DO GUIA DA FOLHA Em 1993, Jandira Martini, 60, e Marcos Caruso, 53, estreavam uma peça em que havia crítica social e política, certo tom otimista e a idéia de penúria como propulsora da história de querer levar vantagem em tudo. Em 2006, o mesmo. É a história se repetindo como comédia de costumes? A julgar pelas analogias entre "Porca Miséria", sucesso de 13 anos atrás, e "Operação Abafa", que inicia hoje temporada no teatro Vivo, sim. Diferenças há, é claro. Se existia em "Porca Miséria" uma italianada depauperada às voltas com um golpe em torno da ascendência européia, agora surgem os sonhadores de 68 envelhecidos e falidos, próximos da traição dos ideais. Henrique, interpretado por Caruso, recebe uma proposta: fazer com que amigos que aparecem numa foto de passeata em 1968 participem, por uma boa soma, de uma campanha. Na propaganda, apareceriam, depois de tanta revolta, esperançosos. Meta: neutralizar a descrença no governo. Segundo os autores, a peça foi escrita em 2001 e não sofreu alterações. Apesar disso, os dramaturgos dizem não acreditar que seja profética em relação à crise política do governo Lula. Teria sido, de acordo com eles, resultado da coincidência das agendas de ambos a estréia da montagem neste momento. Sabem, contudo, que será difícil dissociar o conteúdo do texto do ano eleitoral. "Os petistas vão ficar até ofendidos, dependendo do grau de compromisso com o partido, mas a nossa intenção não é partidária, não é atacar partido nenhum", aponta Martini. Dirigido por Elias Andreato, "Operação Abafa" é o quinto trabalho de uma série iniciada com "Sua Excelência, o Candidato" (1985). Como o título sugere, a política já preocupava o par naquele instante. Resta saber, agora, se tal filão ainda empolga em termos dramatúrgicos e se rende um sucesso de público, como "Porca Miséria". No elenco, além dos autores, estão Miguel Magno, Noemí Marinho, Tânia Bondezan, Francarlos Reis e Diego Leiva. Operação Abafa Quando: hoje, às 21h30; qui. e sex.: 21h30; sáb.: 21h; dom.: 18h; até 30/4 Onde: teatro Vivo (av. Dr. Chucri Zaidan, 860, Morumbi, tel. 3188-4147) Quanto: R$ 50 Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |