|
Texto Anterior | Índice
Fabio Faria apresenta o vazio
free-lance para a Folha
"Sem Título (Interior # 56)" e
"Sem Título (Interior # 65)" traduzem, como poucas imagens
produzidas pela cultura contemporânea, o abandono e o desolamento de uma geração, digamos,
pós-moderna. A mão por trás das
pinturas é de um artista de apenas
25 anos, chamado -guarde esse
nome- Fabio Faria.
As referências, esse paulistano
de fala cadenciada, olhar perdido
e encantadora circunspecção desvenda aos poucos: os cineastas
David Lynch e David Cronenberg, a fotógrafa Nan Goldin, o
pintor Edward Hopper.
De Hopper, além do interesse
pelo ambiente angustiante e sombrio, ele herda a "falsificação pictórica": embaraça a percepção ao
compor um ponto de vista que
confunde janela com espelho
com cortina com faixas de luz
com porta com quadro pendurado na parede pintada.
Mas ele está mais para pós-hopperiano, porque parte do ponto
em que o artista americano, na última fase de sua carreira, já se desiludia completamente com a civilização. Nas pinturas de Faria,
as pessoas desapareceram.
"Eu estou falando do vazio. Escolhi interiores porque neles posso colocar qualquer coisa, tenho
inclusive a liberdade de pintar um
exterior, na forma de uma pintura
que está na parede", afirma.
As obras de Fabio Faria podem
ser metáfora de vazio interior, da
incomunicabilidade do mundo
atual. Ou um exercício formal de
reinventar as pinturas fotográficas deixando de lado o hiper-realismo para desfocar as imagens.
Talvez ambos. Mas não convém
taxar o trabalho de um artista que
está realizando sua primeira exposição individual. Se bem que o
fato dessa mostra acontecer em
uma das mais conceituadas galerias de São Paulo, a Thomas
Cohn, já denota a maturidade e
densidade de sua obra.
Faria reclama de ser sempre visto como "artista jovem". A série
"Interior" avança até o número
69. Além disso, evita o rótulo de
pintor. "Eu não quero que pensem que eu sou um pintor. Eu sou
um cara que pinta, mas podia
usar outro suporte para expressar-me. Gosto de pensar que
amanhã, se quiser, posso fazer isso, tenho essa liberdade."
(JMo)
Exposição: Fabio Faria
Onde: galeria Thomas Cohn (av. Europa,
641, tel. 0/xx/11/883-3355)
Quando: seg. a sex., das 11h às 19h; sáb.,
das 11h às 14h. Até 8/4
Quanto: entrada franca
Preço das obras: de R$ 2.500 a R$ 6.500
(óleo sobre tela, de 100 cm x 200 cm à
133 cm x 237 cm)
Texto Anterior: Artes Plásticas: Projeto expositivo extrapola eixo Rio-SP Índice
|