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São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2003

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TEATRO

Texto, ácido e irônico, é lido no auditório da Folha

"Exagerei no Rímel" encena a face tragicômica de Zeno Wilde

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Autor conhecido pela abordagem de temas como a prostituição masculina ("Blue Jeans") e a violência juvenil ("Uma Lição Longe Demais"), Zeno Wilde (1948-98) também abriu espaço para a tragicomédia, de preferência a de humor ácido, irônico, como em "Exagerei no Rímel", do início dos anos 90.
O texto trata do poder de perversão sem fim de irmãs (de sangue ou de hábito) enclausuradas em casa, no convento ou nas obsessões. Ora se odeiam ora elegem um alvo comum para despachá-lo desta para uma melhor.
Leitura dramatizada do texto, por Iara Jamra e Cristina Mutarelli, acontece hoje no auditório da Folha, sob direção de Alexandre Reinecke, dentro do ciclo "Leituras de Teatro", projeto que acontece desde 1996.
"Exagerei no Rímel" abre com o quadro "Na Mais Tenra Idade". Lúcia e Alaíde, 17 anos, conversam durante os respectivos velórios, caixões lado a lado, mortas que foram pelos brigadeiros envenenados de tia Moema -vingança pelo modo como as moças espezinhavam a prima, tratada com animosidade por "redonda".
Reinecke inverte o segundo e o terceiro quadros. Assim, em "A Cauda Santa", Dália e Ivonete velam o corpo da mãe que cometeu suicídio. Falam de culpas, de menstruação, de beijos durante o banho flagrado pela mãe, de aberração pela cauda que uma delas carrega desde nascença.
Em "Por Força do Hábito", as irmãs Silene e Rute dividem a mesa de refeição em um convento. Entre o pão e o perdão, uma delas revela como põe fim aos coroinhas. "É um humor bem esquisito sobre a maldade dessas irmãs", afirma Iara Jamra, 47.
"As personagens passam o tempo todo competindo entre si e se agredindo. Nos diálogos, isso passa de uma mão para a outra, embaralhando bem e mal", diz Cristina Mutarelli, 47.
"É um tipo de humor que não deixa de resvalar no besteirol", afirma Alexandre Reinecke, 33.
A leitura acontece às 19h, no auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, 9º andar, Campos Elíseos). A entrada é franca. Os interessados devem fazer reservas das 14h às 17h, pelo tel. 3224-3473.


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