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MÚSICA
Ciclo de shows começa hoje com Fernando Sardo e terá ainda Tim Rescala, Willy Verdaguer e exposição gratuita
Vanguarda musical dispensa definições em série no Sesc
DA REDAÇÃO
"Música contemporânea de
vanguarda" talvez não funcione
como um rótulo preciso -como
seriam rock, pop, jazz, ou clássico,
por exemplo- para explicar ao
leitor o que será ouvido no teatro
do Sesc Ipiranga, de hoje a sábado, na série "Encontros Contemporâneos". Na busca por uma definição sobre música que não se fecha
a influências, podem surgir erros
graves, médios e agudos.
No caso de Willy Verdaguer,
compositor, arranjador e baixista
argentino -conhecido na MPB
pela sua participação na banda
Secos & Molhados-, as composições de "E o Vento Trouxe..."
podem vir do erudito, do jazz, do
rock e da música latina.
"É duro explicar a música que se
faz, porque muitas vezes você corre o risco de não ser entendido ou
de não se fazer entender", afirma
Verdaguer, 58. "Acho que do meu
concerto pode-se esperar um peso relativo de rock, só que com orquestra sinfônica." Ele se apresenta com 22 músicos.
E por enquanto seria apenas arte musical. No caso dos outros
músicos envolvidos na série, Tim
Rescala e Fernando Sardo, será
impossível tentar explicar como
são suas obras sem falar de teatro
(nas performances do primeiro) e
artes plásticas (nas do segundo).
"No caso dos meus concertos,
sempre proponho programas
muito variados", afirma Tim Rescala, 42, que mostra "Música com
e sem Palavras". "Como trabalho
com teatro musical e humor, meu
discurso musical se torna leve,
sem jamais ser banal", diz Rescala, que classifica suas composições como música de concerto
sem ranço formal.
O compositor vê no seu trabalho um desafio não só para o público, mas também em relação
aos músicos que o interpretam.
"Às vezes é difícil, porque o músico tem aquela postura mais introspectiva, e demora até ele se
soltar", afirma Rescala. No concerto, além de interpretar a música, haverá momentos em que o
instrumentista terá que representar um personagem ou mesmo falar enquanto toca. Um exemplo é
"Noturno Depois do Vinho", em
que a pianista "alcoolizada" tenta
sem sucesso interpretar um noturno de Chopin.
Se a programação é incomum,
Willy Verdaguer trata de tranqüilizar o espectador em potencial.
"O público pode vir com curiosidade e a certeza de que verá espetáculos de qualidade que encherão os olhos e os ouvidos", afirma
o músico, que vê na série do Sesc
um momento raro de sua carreira. "É único. E fico sempre na expectativa de poder escrever para
mais músicos", conclui.
"Encontros Contemporâneos"
começa hoje com o show do luthier, pesquisador e compositor
Fernando Sardo, que constrói instrumentos a partir de materiais
como bambu, pedra, borracha e
papel, entre outros. Ele se apresentará com quatro músicos.
Fora o show no sábado, Verdaguer ministrará amanhã um
workshop aberto a pessoas com
mínimo conhecimento de solfejo
rítmico, sobre técnicas de sobreposição de temas em compassos
diferenciados. E com entrada
franca, há a exposição "O Som da
Matéria", com os instrumentos
confeccionados por Sardo, que
realizará performances com eles
ao longo do sábado.
(MÁRVIO DOS ANJOS)
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