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O BOM DO DIA
Obra é apresentada somente hoje
"Evidentia" traz dança e videoarte
PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha
Os amantes da dança e da videoarte poderão se deleitar hoje com uma chance não muito
recorrente no país. O vídeo
"Evidentia", mostrando coreografias criadas e realizadas por
nomes famosos da dança mundial, é exibido no Itaú Cultural.
O "Ciclo de Videodança Itaú
Cultural", concebido pela colaboradora da Folha Ana Francisca Ponzio -que é também
curadora da mostra-, apresentará até outubro vídeos do
acervo da Cinémathèque de
Danse de Paris.
"Evidentia" não é apenas o
registro de uma coreografia. A
começar pela própria roteirização da dança -que não segue
o protocolo das apresentações
triviais, cujo fio condutor costuma manter os números de
dança "enquadrados" num
equilíbrio-, a direção parece
ter dado carta branca para os
dançarinos improvisarem, testarem as reações entre seus
corpos e o meio externo (tablado, tecido etc).
A primeira apresentação de
"Evidentia" é de grande impacto por causa desse "descompromisso" em não querer mostrar algo perfeitamente ensaiado. E quem faz a performance é
a bailarina mais notável do filme: Sylvie Guillem.
Um céu azul e nuvens de fundo colorem o cenário. O som
intercala acordes e momentos
em que a música cede aos ruídos ambientes -algo que salienta ainda mais o contato do
corpo com o meio ou do corpo
com ele próprio, recurso sonoro este, aliás, que vai percorrer
todo o vídeo.
Já não é bem verbal o que
mostra o norte-americano William Forsythe, num belíssimo
solo dirigido por Thomas Lovell Balogh, tão vigoroso quanto a coreografia "Smoke", do
sueco Mats Ek.
Ek juntou seu irmão, o bailarino Niklas Ek, e Sylvie Guillem
numa coreografia que discute o
deslocamento dos corpos no
espaço e a consequente atração
e repulsa entre eles.
E há mais Guillem, que mostra um belo solo -"Yellow
Blue", do britânico Jonathan
Burrows- num galpão e que é
visível por uma porta.
Mas seria injusto não destacar "Movimentos", idealizado
pela diretora Françoise HaVan
e com nomes como o de David
Kern e Brian Keeder.
Essa parte é intercalada por
várias cenas, como a de um
guepardo correndo na savana
(mostrando as semelhanças de
corpos aparentemente distintos -o do homem e o do animal) e a de homens sinalizando
pousos de caças num porta-aviões, movimentando-se como num balé.
O quê: Ciclo de Videodança Itaú
Cultural
Quando: até 24/10 (sempre aos
dom., às 17h); hoje: "Evidentia"
Onde: Itaú Cultural - Sala Vermelha
(av. Paulista, 149, tel. 238-1700)
Quanto: entrada franca
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