São Paulo, Domingo, 18 de Julho de 1999
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O BOM DO DIA
Obra é apresentada somente hoje
"Evidentia" traz dança e videoarte

PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha

Os amantes da dança e da videoarte poderão se deleitar hoje com uma chance não muito recorrente no país. O vídeo "Evidentia", mostrando coreografias criadas e realizadas por nomes famosos da dança mundial, é exibido no Itaú Cultural.
O "Ciclo de Videodança Itaú Cultural", concebido pela colaboradora da Folha Ana Francisca Ponzio -que é também curadora da mostra-, apresentará até outubro vídeos do acervo da Cinémathèque de Danse de Paris.
"Evidentia" não é apenas o registro de uma coreografia. A começar pela própria roteirização da dança -que não segue o protocolo das apresentações triviais, cujo fio condutor costuma manter os números de dança "enquadrados" num equilíbrio-, a direção parece ter dado carta branca para os dançarinos improvisarem, testarem as reações entre seus corpos e o meio externo (tablado, tecido etc).
A primeira apresentação de "Evidentia" é de grande impacto por causa desse "descompromisso" em não querer mostrar algo perfeitamente ensaiado. E quem faz a performance é a bailarina mais notável do filme: Sylvie Guillem.
Um céu azul e nuvens de fundo colorem o cenário. O som intercala acordes e momentos em que a música cede aos ruídos ambientes -algo que salienta ainda mais o contato do corpo com o meio ou do corpo com ele próprio, recurso sonoro este, aliás, que vai percorrer todo o vídeo.
Já não é bem verbal o que mostra o norte-americano William Forsythe, num belíssimo solo dirigido por Thomas Lovell Balogh, tão vigoroso quanto a coreografia "Smoke", do sueco Mats Ek.
Ek juntou seu irmão, o bailarino Niklas Ek, e Sylvie Guillem numa coreografia que discute o deslocamento dos corpos no espaço e a consequente atração e repulsa entre eles.
E há mais Guillem, que mostra um belo solo -"Yellow Blue", do britânico Jonathan Burrows- num galpão e que é visível por uma porta.
Mas seria injusto não destacar "Movimentos", idealizado pela diretora Françoise HaVan e com nomes como o de David Kern e Brian Keeder.
Essa parte é intercalada por várias cenas, como a de um guepardo correndo na savana (mostrando as semelhanças de corpos aparentemente distintos -o do homem e o do animal) e a de homens sinalizando pousos de caças num porta-aviões, movimentando-se como num balé.


O quê: Ciclo de Videodança Itaú Cultural Quando: até 24/10 (sempre aos dom., às 17h); hoje: "Evidentia" Onde: Itaú Cultural - Sala Vermelha (av. Paulista, 149, tel. 238-1700) Quanto: entrada franca


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