São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2001

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MÚSICA

Show no Crowne Plaza lança o álbum "Nasci pra Sonhar e Cantar"

Dona Ivone Lara volta importada ao Brasil

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
A sambista carioca Ivone Lara, que se apresenta hoje com Carmen Queiroz e o Quinteto em Branco e Preto no teatro Crowne Plaza


PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Participando hoje do projeto Samba em Sampa, em apresentação com a cantora paranaense Carmen Queiroz e o grupo Quinteto em Branco e Preto, a carioca dona Ivone Lara, 79, tem a primeira chance de divulgar em São Paulo seu novo álbum.
"Nasci pra Sonhar e Cantar" é momento inédito em sua carreira: foi bancado pelo selo francês Lusafrica, por iniciativa de José da Silva, também empresário da cabo-verdiana Cesaria Evora. Saiu em junho lá fora e há pouco no Brasil, licenciado pelo selo independente Natasha.
"Para mim foi um susto alegre. Antigamente eu ficava um pouco constrangida por não conseguir gravar no Brasil, mas agora não fico mais. Isso não acontece só comigo, mas com um monte de gente. No começo nos utilizam de todo jeito. Depois a gente vai ficando com mais idade, e eles só querem novidade. A Lusafrica pensa diferente, na Europa se cultiva a sabedoria", filosofa.
A dama do samba diz que não acredita que se deseje fazer dela uma nova Cesaria Evora, de apelo world music e sucesso intercontinental: "Eu cheguei a conhecê-la, mas não temos intimidade. Acho que não tem nada a ver, até porque ela tem idade para ser minha filha. É extraordinária, tem uma voz muito bonita. Mas ela é de Cabo Verde, eu sou do samba".
Ela já fala sobre a recepção do disco na Europa: "As notícias são as melhores possíveis. "Ela É Rainha" está tocando muito em rádio e, de outubro em diante, estarei por lá em turnê. Aqui é mais devagar, houve atraso no lançamento. Faço o Crowne e mais adiante o Tom Brasil. Depois, viajo".
Dona Ivone, que se tem mais como compositora que como cantora, se surpreende com a acolhida de "Nasci pra Sonhar e Cantar", que tem produção de Paulo César Figueiredo e arranjos e regências de João de Aquino: "Está todo mundo achando que é um disco de intérprete e compositora. Estou só ouvindo o que falam de minhas interpretações, sendo que gosto mais de compor. Pelo menos ainda não me julguei".
Independente das tendências revisionistas do mercado nacional atual, o disco só tem quatro releituras, de canções que compôs com Délcio Carvalho (seu histórico e mais constante parceiro) e Jorge Aragão ("Tendência", de 81). Completa-se com dez faixas inéditas, em parcerias da autora com Nelson Sargento, Paulinho Mocidade, Sombrinha, Délcio Carvalho e Bruno Castro.
"Quase sempre faço só a melodia, mas graças a Deus meus parceiros me deixam pôr a colher em alguns versos", explica.


SAMBA EM SAMPA - Onde: teatro Crowne Plaza (r. Frei Caneca, 1.360, tel. 289-0985). Quando: hoje, às 21h. Quanto: R$ 20.


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