São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2008

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La Mínima estréia comédia rasgada

Versão do clássico "O Médico e o Monstro" tem apresentação hoje para convidados; temporada ao público começa no sábado

O dramaturgo Mário Viana assina o texto inspirado nas adaptações feitas para cinema, televisão e até mesmo desenhos animados

MARIA EUGÊNIA DE MENEZES
DO GUIA DA FOLHA

Tudo aquilo que em "A Noite dos Palhaços Mudos", último trabalho da Companhia La Mínima, estava marcado por uma aura de humor melancólico, recoberto por uma atmosfera noir, ganha outros matizes em "O Médico e os Monstros", montagem que o grupo circense estréia hoje para convidados e inicia temporada gratuita dia 23, no Teatro Popular do Sesi. Apenas dois meses separam o fim da temporada de "A Noite..." -uma adaptação da história em quadrinhos homônima de Laerte que mereceu quatro indicações ao Prêmio Shell-, da estréia deste novo trabalho. Porém, quem acompanha a trajetória da dupla de palhaços Domingos Montagner, 46, e Fernando Sampaio, 43, certamente irá perceber a guinada da trupe para um tom de comédia mais rasgado e ligeiro, apoiado nos diálogos e nas "gags" que permeiam o texto escrito por Mário Viana. Voltada para o público juvenil, a peça transpõe para o palco o romance "O Médico e o Monstro", do escocês Robert Louis Stevenson (1850-1894), e marca a primeira incursão do grupo, em onze anos de trajetória, por um clássico. "O contraponto entre o equilíbrio apolíneo, representado pelo médico, e a desmedida dionisíaca, simbolizada pelo monstro, ganha especial sentido quando desdobrada na dualidade da figura do palhaço", diz Montagner. A trama se desenrola em torno do dilema do médico Henry Jeckyll, que, na tentativa de isolar o mal, cria uma fórmula capaz de provocar o surgimento do inescrupuloso e repulsivo Edward Hyde. Para compor a adaptação, Viana utilizou não apenas a obra original, mas também buscou inúmeras versões da arquetípica história para o cinema, a televisão e os desenhos animados. "Não me preocupei em ser estritamente fiel. O mais importante em uma adaptação é a intimidade com a obra. Se você mantém uma posição de reverência, não se apropria daquele texto", diz o dramaturgo. Outra mudança em relação ao romance é o acréscimo de personagens femininas, que também costumam aparecer nas adaptações cinematográficas. "Ao longo dos anos, a obra foi perdendo o seu tom moralista e ganhou uma leitura mais sensual, mais sedutora", afirma. Assinada pelo diretor convidado Fernando Neves (da cia. Os Fofos Encenam), a encenação subverte a estrutura de suspense própria do livro, e imortalizada em dezenas de filmes de horror, e traz uma releitura cômica, na qual as cenas se sucedem com tal rapidez que fazem relembrar o ritmo vertiginoso do vaudeville. "Tínhamos muito interesse em trabalhar com o Fernando (Neves) porque queríamos investigar essas formas de comicidade popular, essa linguagem do circo-teatro", diz Montagner.

O MÉDICO E OS MONSTROS

Quando: estréia hoje, às 20h, para convidados (estréia para público dia 23/8, sáb. e dom., às 16h)
Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1313, tel. 3146-7406)
Quanto: grátis
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos



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