Mostra reúne 20 filmes de diretores como Sergio Leone e Enzo Castellari

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Cena de "Keoma", filme de Enzo Castellari, que será exibido na retrospectiva do CCBB

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

A mostra "Faroeste Spaghetti: O Bangue-Bangue à Italiana", que o CCBB inicia hoje em São Paulo, prova que o gênero, nascido como cópia oportunista dos faroestes de Hollywood, gerou filmes hoje considerados clássicos.
A retrospectiva reúne 20 filmes de diretores como Sergio Leone, Sergio Corbucci, Damiano Damiani, Enzo Castellari e outros -todos os títulos exibidos em película. O "western spaghetti" nasceu no início dos anos 1960, depois que produtores perceberam que era possível recriar os cenários áridos do oeste americano em locações na Espanha e na Itália.
Entre 1960 e 1975, mais de 600 faroestes foram produzidos em toda a Europa.
Os filmes eram baratos, filmados com equipes locais e elencos sem grandes estrelas. Era comum a presença de veteranos decadentes de Hollywood, como Lee Van Cleef, ou de algum ator que estivesse despontando, como um tal de Clint Eastwood.
A falta de recursos obrigava os roteiristas a usar a imaginação. Os figurantes, quase sempre mediterrâneos de pele bronzeada, viravam "mexicanos". Os diretores optavam por tramas simples e com poucos personagens.
Uma das grandes inovações do gênero foi o uso de uma trilha sonora experimental e minimalista. Sem verba para contratar orquestras, o compositor Ennio Morricone usou efeitos sonoros e até uma guitarra nas trilhas dos faroestes sangrentos e existencialistas de Leone.
Foi o diretor, aliás, quem consolidou o gênero, com "Era uma Vez no Oeste" (68).
Leone teve até a ousadia de colocar Henry Fonda, o herói de tantos faroestes clássicos americanos, no papel de um assassino sádico. Era a vingança do faroeste à italiana contra seu tio rico.