São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2000

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CINEMA

"OUTONO EM NOVA YORK"
Há mais clichês no ar do que folhas caindo no Central Park

CYNARA MENEZES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A indústria cinematográfica norte-americana queria juntar Richard Gere e Winona Ryder em um filme. Os dois ainda não tinham atuado juntos e podia rolar uma química boa.
Pois bem. Pegaram um monte de clichês, misturaram a meia dúzia de boas frases, adicionaram uns toques lacrimogêneos e eis "Outono em Nova York", uma mescla bem menos favorecida de "Love Story" com "Sabrina".
Os clichês se sucedem mais rápido do que caem as folhas sobre o Central Park. Gere é o quarentão bonitão e sedutor cujo principal lema é: "Isso é tudo o que tenho a oferecer". Winona tem 22 anos, é pura e natural, mas, ironicamente, tampouco lhe interessa o futuro: tem um problema no coração e está com os dias contados.
Logo Gere aparecerá como o conquistador sem escrúpulos, capaz de magoar pessoas. A seu lado, o amigo casado, com filhinhas gêmeas adoráveis, adverte que, daquele jeito, irá sempre passar o Natal sozinho -sem dúvida, uma ameaça e tanto para um homem rico e atraente que nem precisa pedir a Papai Noel uma beldade de presente, porque está sempre cercado delas.
Na primeira meia hora do filme, há boas sacadas no duelo entre o casal de atores. Winona personifica juventude e fé em oposição ao amadurecimento e descrença de Gere -no caso da avó da garota, é velhice e amargura mesmo. Descrença sobretudo no amor, este sentimento cuja beleza e inocência Charlotte (Winona) parece querer levar para o túmulo.
Até aí, o roteirista tem o savoir-faire de fazer inclusive piadas com a doença da menina, como quando o tal amigo casado de Gere diz: "Ela é a mulher perfeita. Jovem, bonita e condenada". Genial.
Depois, porém, que a doença da menina começa a se manifestar, tudo se transforma em um dramalhão sem fim. É meio ridículo ver o egoísta Will (Gere) como o superprotetor que toma a frente no tratamento de Charlotte. É a redenção que faltava para completar o lote de clichês previsto.
Enfim, não se salva nada. Quer dizer, a estrelinha que vai aí embaixo é por conta de Gere, que continua maravilhoso. Bom, Winona também não está nada mal.


Outono em Nova York
Autumn in New York
  Direção: Joan Chen Produção: EUA, 2000 Com: Richard Gere, Winona Ryder Quando: veja horários e salas de exibição dos filmes em cartaz em SP em roteiro à página Especial 6




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