São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

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Mostra evidencia rigor da portuguesa Paula Rego

Pinacoteca do Estado abre hoje ao público retrospectiva da artista plástica

Obra da pintora, de 76 anos, conquistou apenas há pouco tempo maior visibilidade ao redor do mundo

Fotos Divulgação
"CHPR-Pillowman-A", de Paula Rego, que está na mostra

FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

Há quatro anos, o colecionador e investidor inglês Charles Saatchi vendeu um conjunto de 22 pinturas da portuguesa Paula Rego.
Ele começou a comprar obras da artista em 1988, quando ela foi tema de uma grande mostra na galeria Serpentine, de Londres, já aos 53 anos, mas ainda sem notoriedade na Inglaterra.
"Foi a partir daí que sua obra explodiu", diz o curador inglês Marco Livingstone.
Grande parte desses trabalhos, que hoje pertencem à galeria Marlborough, compõe a mostra "Paula Rego", que é aberta, hoje, na Pinacoteca do Estado, com curadoria de Livingstone. Com cerca de 130 obras, a mostra enfoca a produção da artista, hoje com 76 anos, principalmente após os anos 1980, apesar de a primeira sala ser dedicada aos trabalhos iniciais, de 1952 a 1986.
"Eu considero que ela é do tipo de artista cujo trabalho fica melhor com sua maturidade, ao contrário de artistas que, jovens, são originais e depois se repetem o resto da vida", conta Livingstone.
Rego usa a pintura como uma ferramenta de denúncia de mazelas sociais. Há obras que tratam do aborto ilegal, da mutilação de mulheres muçulmanas, sobre a Guerra no Iraque.
"Como ela aborda muito as mulheres em sua obra, há quem aponte uma bandeira feminista em seu trabalho, mas na verdade ele é sobre questões existenciais, sobre o ser humano de forma geral", diz o curador.

MODELO
Um dos motivos pelos quais a mulher se torna um tema marcante em suas pinturas é porque Rego se utiliza de uma mesma modelo, a portuguesa, Lila Nunes, desde os anos 1980.
"Ela se tornou uma espécie de duplo da artista, fazendo as poses que a própria Paula deseja", explica. Nesse sentido, há um caráter performativo em suas pinturas.
Um bom exemplo é a obra que retrata os personagens Branca de Neve e os sete anões -todos são retratos de Nunes, que veio a São Paulo para a montagem da mostra, ao contrário da pintora.
Além de modelos, Rego também se utiliza de bonecos para criar suas obras. Graças a isso que seu genro Ron Mueck tornou-se artista.
Esses bonecos acabaram se incorporando à sua obra, como se pode ver no último trabalho da mostra, "Oratório", de 2008. "Uma das situações interessantes que a montagem permite é ver que da primeira sala, onde estão as colagens de sua fase inicial, se pode ver como ela retorna a um procedimento semelhante agora, mesmo que tridimensional", conclui o curador.


PAULA REGO
QUANDO abertura, hoje, 11h; de ter. a dom., das 10h às 17h30; até 5/6
ONDE Pinacoteca do Estado de São Paulo (pça. da Luz, 2, tel. 3324-1000)
QUANTO R$ 6 (grátis aos sáb.)



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