São Paulo, terça, 19 de maio de 1998

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EXPOSIÇÃO
Museu de Arqueologia e Etnologia da USP inaugura hoje na cidade a mostra "A Escrita no Mundo Antigo"
MAE percorre o caminho da escrita

PAULO DANIEL FARAH
da Redação

O Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP inaugura às 19h a exposição "A Escrita no Mundo Antigo", no Centro Universitário Maria Antônia.
A proposta da exposição, que integra a programação da 2ª Semana de Museus da Universidade (criada para celebrar o dia internacional dos museus, em 18 de maio), é mostrar o longo caminho percorrido entre as primeiras formas de escrita e o alfabeto que usamos atualmente.
É uma boa oportunidade para conhecer, de graça, objetos raros do acervo do MAE, acompanhados de quadros explicativos e mapas. Monitorias serão feitas por professores e funcionários do museu (agendamentos podem ser feitos pelo telefone), e haverá atividades especiais para a terceira idade.
Os destaques são os tabletes de argila sumérios, da região onde fica o Iraque atualmente, que contêm transações comerciais, registros de casamento e de contabilidade. Os mais antigos, que marcam o início da escrita, estão ligados ao registro de dados de subsistência e de troca.
Estão expostas, ainda, lápides, estelas funerárias, moedas gregas e romanas e a tampa de um sarcófago egípcio de madeira com inscrições pintadas. Na seção destinada aos escribas, há instrumentos de escrita como o cálamo (pedaço de cana ou caniço talhado na ponta).
Maquetes de sítios arqueológicos como Ebla, cujos achados de tabletes cuneiformes praticamente revolucionaram a história da escrita cuneiforme e da arqueologia, elucidam para o público locais da Antiguidade onde se preservaram inscrições importantes. Feitas por alunos da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), retratam as culturas mesopotâmica, grega e romana.
De acordo com uma das coordenadoras da exposição, a professora e museóloga Maria Cristina Bruno, a idéia de trabalhar com esse tipo de mostra começou muito tempo atrás, com o professor Mariano Carneiro da Cunha, assiriólogo, morto em 1980.
Instrumento de poder
A escrita nem sempre foi acessível a todo mundo. A princípio privilégio de reis e sacerdotes, sempre foi um instrumento de poder. Na Antiguidade, os escribas eram valorizados ao ponto de alguns os considerarem deuses.
A importância da escrita para a humanidade é imensurável. Se por um lado é nociva para a memória individual, como afirmava Platão, permite a preservação da memória coletiva. Denis Diderot, que iniciou juntamente com D'Alembert a organização da mais famosa das primeiras enciclopédias, já dizia no século 18 que "sem a escrita, privilégio do homem, cada indivíduo, reduzido à sua própria experiência, seria forçado a recomeçar a carreira que o seu antecessor teria percorrido".

Exposição: A Escrita no Mundo Antigo
Quando: de segunda a domingo, das 9h às 23h; até 23 de agosto
Onde: Centro Universitário Maria Antônia (r. Maria Antônia, 294, Vila Buarque, São Paulo, tel. 011/255-5538 ou 255-7182)
Quanto: entrada franca
Palestras: amanhã, às 9h30, "Complexidade Social, Sistemas Comunicativos e a Origem da Escrita Cuneiforme"; 10h30, "Funcionamento da Imagem na Escrita Hieroglífica Egípcia"; 11h30, debate; 14h30, "As Evidências Proto-Palaciais da Escrita em Mália (Creta)"; 15h30, "Linear B: Especificidade de uma Evidência e Sua Contribuição para os Estudos Micênicos"; 16h30, debate. Quinta-feira, às 9h30, "A Escrita Alfabética Grega: uma Invenção da Pólis? A Contribuição da Arqueologia e da Antropologia"; 10h30, "Escrita e Oralidade: Aspectos de uma Teoria da Linguagem em Platão, Fedro, 274 c - 276 a"; 11h30, debate; 14h30, "Escrita e Cultura Aristocrática na Etrúria"; 15h30, "Questões a Respeito da Escrita Cursiva Romana"; 16h30, debate



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