São Paulo, terça, 19 de maio de 1998

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ARTES PLÁSTICAS
Artista expõe na galeria Valu Oria sete esculturas de seu último trabalho
Pastore mostra as faces da superfície

Reprodução
Obra sem título de Márcia Pastore que mostra o seu conceito de deformidade


CRISTIANO CIPRIANO POMBO
free-lance para a Folha

Depois de três anos, a artista plástica Marcia Pastore volta a expor em São Paulo. Ela abre hoje, às 21h, sua quarta mostra individual, onde utiliza suas mais recentes esculturas para explorar a característica mais marcante de sua obra nos últimos anos: a superfície.
Em princípio, cada uma de suas sete esculturas em exposição parece elegante, leve. Um olhar a mais e se transformam completamente, apresentando deformidades, fragilidade e instabilidade em seu equilíbrio.
Todos os aspectos surgem de uma estrutura de tela de arame, a partir da qual a artista dá forma para que desapareça logo em seguida sob o gesso.
"É a parte mais difícil. Conseguir criar deformidades no arame e sustentá-las", afirma.
As obras dispensam efeitos de luz e trazem cores saturadas, do marrom escuro quase brilhante do bronze ao quase branco da fibra de vidro.
"As cores não podem chamar a atenção. São uniformes e não devem esconder as deformidades. Essas, sim, dão vida à escultura, semelhantes às articulações do corpo humano ou de algum animal, variando conforme o olhar de cada um e sua perspectiva", admite a artista.
Seja qual for a semelhança, toda a forma, movimento e vida dada à superfície, na sua relação com o espaço e na provocação do entorno, trazem um pouco da formação da artista.
Há dez anos no ramo, formada em artes plásticas pelo Mackenzie, Marcia Pastore traz em suas esculturas traços de seus antigos mestres: Carlos Fajardo, Nuno Ramos, Paulo Monteiro e outros.
Fajardo, por exemplo, aparece no uso de formas tridimensionais, na necessidade de a obra interagir com a parede ou o chão, buscando apoio ou expansão. Ou até na noção de tempo, onde a escultura se sustenta no momento, podendo cair e mudar a cada olhar.
E, sem negar as influências, a artista acredita que as esculturas apresentam uma evolução e continuidade de seu trabalho.
"A evolução existe, principalmente, no fato de um único elemento poder comportar todo esse jogo de aspectos em sua superfície: o equilíbrio, a instabilidade, a possibilidade de expansão e a deformidade, que dá o movimento e muda a peça de direção."
Nas exposições anteriores, em 90 e 93, ela usava dois elementos, com um deles forçando a deformidade do outro. Agora, "elas brotam de um único objeto, buscando ser o mais natural possível".

Exposição: Marcia Pastore Técnica: esculturas em arame, gesso, bronze e fibra de vidro Onde: Valu Oria Galeria de Arte (al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.403, tel. 883-0173) Vernissage: hoje, às 20h Quando: hoje, às 21h; seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 14h. Até 13/06 Quanto: de R$ 4.000 a R$ 4.500



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