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MÚSICA
Show no Centro Cultural SP marca 20 anos de carreira da cantora, ausente há dois dos palcos paulistanos
Ro Ro renasce após "férias no inferno"
BRUNO GARCEZ
da "Revista da Hora"
Angela Ro Ro, 49, celebra hoje e
amanhã em São Paulo 20 anos de
carreira, após passar por um calvário que compara ao do poeta francês Arthur Rimbaud.
"Perdi a minha mãe em maio.
Passei por uma barra pesada digna
do poeta que escreveu "Uma Temporada no Inferno" e morreu após
ter a perna amputada", diz a cantora, que não se apresentava na cidade há mais de dois anos.
Mesmo passando pelo que chama de "férias no inferno", Ro Ro
não perdeu o bom humor. "No ano
passado, por causa de um choque
anafilático, quase morri. Tomei
complexo vitamínico na veia. Já
imaginou: "Angela Ro Ro morre
por vitamina na veia". Puta, eu ia
morrer de vergonha."
No palco, a vergonha passa longe. Entre as músicas, ela ainda gosta de falar o que lhe dá na telha.
"Sou mais que cantora e compositora. Sou uma comediante e das
boas. Você vai às lágrimas com a
música e emenda chorando de rir."
O show traz só a cantora e o tecladista Ricardo MacCord. "Não teve
patrocínio, por isso não pude
montar uma banda. Depois, quem
pagaria as nossas viagens?"
No repertório da apresentação,
nada de inéditas. "O show é comemorativo dos últimos 20 anos. Por
isso, só traz músicas dessa época."
Para abrir a noite, "Prova de
Amor", "que fiz em homenagem a
Elza Soares, quando ela estava
muito abatida, após ter perdido o
filho em um acidente". Desfilam
ainda "Amor, Meu Grande
Amor", "Simples Carinho", "Meu
Mal é a Birita" e "Escândalo", de
Caetano Veloso.
Comparecem também standards de jazz, como "All of Me".
"Apresento-a como sendo um tributo ao meu atual modelo de sobriedade que é Billie Holliday. Na
platéia, têm umas pessoas que levam a sério, outras são espertinhas", diz, entre gargalhadas.
Ro Ro garante, no entanto, ter
parado de fumar e de beber. "Não
aguentava mais. Pára de brincadeira. As pessoas me deram muitas feridas, mas a vida me deu
oportunidades tão grandes para
cicatrizá-las que eu não vou cuspir na cara da vida agora."
Atualmente, ela se diz cheia de
energia e espera só saldar suas dívidas para tocar velhos projetos,
como o de um CD com clássicos
do samba e do jazz. Seu último
disco, "Nosso Amor ao Armagedon", data de 93.
"Além de jazz, quero gravar
Ataulfo Alves, Monsueto, Chocolate e Wilson Batista. É material
para três volumes", diz Ro Ro.
Outro antigo projeto acalentado é o de escrever uma autobiografia. Confessional como só ela,
Ro Ro pretende batizá-la de "Minhas Mulheres". "O que é preciso
para um escritor vender? Nome.
Bom, isso é o que eu mais tenho.
Possuo mais fama do que grana."
Show: Angela Ro Ro
Quando: hoje, 19h30; amanhã, 18h30
Quanto: R$ 12
Onde: Centro Cultural São Paulo (rua
Vergueiro, 1000, Paraíso)
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