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MAM exibe dois modos de pensar fotografia
Museu recebe coleção fotográfica do Deutsche Bank e individual de Rinko Kawauchi
Coleção tem imagens com perfeição técnica e grandes dimensões; artista japonesa mostra trabalho intimista calcado no imperfeito
Divulgação
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"Water Street - New York/Wall Street 1978', de Thomas Struth, da coleção do Deutsche Bank
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma fotografia conhecida
pela perfeição técnica, de grandes dimensões. Uma fotografia
de tom intimista, que incorpora o erro em seu processo de
criação. Esses pólos estão presentes nas duas mostras que serão abertas hoje no MAM-SP
(Museu de Arte Moderna de
São Paulo), "Mais do que os
Olhos Captam: Arte Fotográfica da Coleção Deutsche Bank"
e "Semear", da artista japonesa
Rinko Kawauchi.
"Mais do que os Olhos Captam..." traz 200 imagens de 50
artistas alemães contemporâneos, pertencentes ao acervo
fotográfico que é considerado o
mais importante da Alemanha.
A exposição já passou por quatro países -México, Colômbia,
Peru e Chile- e segue para
Buenos Aires em outubro. Fazem parte da coleção nomes-chave das artes visuais alemãs,
como Thomas Struth, Andreas
Gursky e Thomas Ruff, além
dos experientes Sigmar Polke e
Gerhard Richter.
"Acho interessante o MAM
organizar de forma simultânea
as duas mostras. São dois olhares diversos, com o celebrado
rigor alemão exibido em grandes imagens e a tentativa de
Kawauchi em utilizar o acaso e
o imperfeito em sua obra", afirma o crítico, colaborador da
Folha e curador do Clube de
Colecionadores de Fotografia
do MAM, Eder Chiodetto.
A curadora-assistente de
"Mais do que os Olhos Captam...", Christina März, também vê as fotografias de grande
dimensão como chamariz da
exposição, mas diz que a montagem privilegia o diálogo com
obras menores e mais intimistas dentro da própria coleção.
Na entrada, a Grande Sala do
MAM exibe famosa imagem de
Gursky retratando a Bolsa de
Valores de Cingapura, em 1997,
com 1,86 m de altura e 2,46 m
de largura. Ao lado, Martin
Liebscher utiliza um jogo metalingüístico retratando, em
imagem de 2 m de largura, um
executivo em diversos momentos durante um dia de trabalho,
exibindo em um quadro a própria fotografia de Gursky sobre
Cingapura. Já Struth tem mostrada uma imagem de conhecida série sua, quando cria composições de telas e público em
ambientes museológicos. A fotografia exibida, de 1989, mostra uma das salas do Museu do
Louvre.
"As dimensões são grandes,
mas sua utilização pelos artistas é diversa. Há a manipulação
técnica da fotografia, a metalinguagem, a referência à história
da arte, a discussão da identidade, entre outros questionamentos", avalia März.
A curadora e Chiodetto, contudo, sublinham o intimismo
de alguns artistas. Entre eles, o
destaque é Sandra Meisel, que
em sua série "Alyssa" retrata figuras sem foco.
"É como se houvesse um apagamento da identidade, linha
que alguns dos fotógrafos presentes começam a desenvolver", diz ele.
Imigração japonesa
A série de Kawauchi, "Semear", com 70 imagens, é exposta na Sala Paulo Figueiredo
e foi feita a partir de três viagens que a artista fez ao Brasil.
Ela retrata desde comunidades
de origem japonesa, como as do
bairro da Liberdade, em São
Paulo, até paisagens da Amazônia e o Carnaval carioca.
MAIS DO QUE OS OLHOS
CAPTAM/RINKO KAWAUCHI
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter.
a dom., das 10h às 18h; até 23/9
Onde: MAM-SP (parque Ibirapuera,
portão 3, tel. 5085-1300)
Quanto: R$ 5,50 (amanhã, grátis)
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