São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2007

Próximo Texto | Índice

MAM exibe dois modos de pensar fotografia

Museu recebe coleção fotográfica do Deutsche Bank e individual de Rinko Kawauchi

Coleção tem imagens com perfeição técnica e grandes dimensões; artista japonesa mostra trabalho intimista calcado no imperfeito

Divulgação
"Water Street - New York/Wall Street 1978', de Thomas Struth, da coleção do Deutsche Bank

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma fotografia conhecida pela perfeição técnica, de grandes dimensões. Uma fotografia de tom intimista, que incorpora o erro em seu processo de criação. Esses pólos estão presentes nas duas mostras que serão abertas hoje no MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo), "Mais do que os Olhos Captam: Arte Fotográfica da Coleção Deutsche Bank" e "Semear", da artista japonesa Rinko Kawauchi.
"Mais do que os Olhos Captam..." traz 200 imagens de 50 artistas alemães contemporâneos, pertencentes ao acervo fotográfico que é considerado o mais importante da Alemanha. A exposição já passou por quatro países -México, Colômbia, Peru e Chile- e segue para Buenos Aires em outubro. Fazem parte da coleção nomes-chave das artes visuais alemãs, como Thomas Struth, Andreas Gursky e Thomas Ruff, além dos experientes Sigmar Polke e Gerhard Richter.
"Acho interessante o MAM organizar de forma simultânea as duas mostras. São dois olhares diversos, com o celebrado rigor alemão exibido em grandes imagens e a tentativa de Kawauchi em utilizar o acaso e o imperfeito em sua obra", afirma o crítico, colaborador da Folha e curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM, Eder Chiodetto.
A curadora-assistente de "Mais do que os Olhos Captam...", Christina März, também vê as fotografias de grande dimensão como chamariz da exposição, mas diz que a montagem privilegia o diálogo com obras menores e mais intimistas dentro da própria coleção.
Na entrada, a Grande Sala do MAM exibe famosa imagem de Gursky retratando a Bolsa de Valores de Cingapura, em 1997, com 1,86 m de altura e 2,46 m de largura. Ao lado, Martin Liebscher utiliza um jogo metalingüístico retratando, em imagem de 2 m de largura, um executivo em diversos momentos durante um dia de trabalho, exibindo em um quadro a própria fotografia de Gursky sobre Cingapura. Já Struth tem mostrada uma imagem de conhecida série sua, quando cria composições de telas e público em ambientes museológicos. A fotografia exibida, de 1989, mostra uma das salas do Museu do Louvre.
"As dimensões são grandes, mas sua utilização pelos artistas é diversa. Há a manipulação técnica da fotografia, a metalinguagem, a referência à história da arte, a discussão da identidade, entre outros questionamentos", avalia März.
A curadora e Chiodetto, contudo, sublinham o intimismo de alguns artistas. Entre eles, o destaque é Sandra Meisel, que em sua série "Alyssa" retrata figuras sem foco.
"É como se houvesse um apagamento da identidade, linha que alguns dos fotógrafos presentes começam a desenvolver", diz ele.

Imigração japonesa
A série de Kawauchi, "Semear", com 70 imagens, é exposta na Sala Paulo Figueiredo e foi feita a partir de três viagens que a artista fez ao Brasil. Ela retrata desde comunidades de origem japonesa, como as do bairro da Liberdade, em São Paulo, até paisagens da Amazônia e o Carnaval carioca.

MAIS DO QUE OS OLHOS
CAPTAM/RINKO KAWAUCHI


Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a dom., das 10h às 18h; até 23/9
Onde: MAM-SP (parque Ibirapuera, portão 3, tel. 5085-1300)
Quanto: R$ 5,50 (amanhã, grátis)



Próximo Texto: Moraes Moreira celebra 60 anos com show e livro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.