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BLUES
Guitarrista canadense toca no Brasil pela segunda vez
Jeff Healey se apresenta hoje no Palace
EDSON FRANCO
da Reportagem Local
A poucas horas do show que
marca sua segunda visita ao Brasil,
o guitarrista canadense Jeff Healey
parece disposto a derrubar alguns
mitos que lhe deram fama.
O primeiro dá conta do estigma
de guitarrista de blues. "Toco todos os tipos de música, e meus solos são inspirados na improvisação do jazz", disse o guitarrista
por telefone à Folha, de sua casa
em Toronto.
Healey aproveitou a entrevista
para desfazer também o mito erguido em torno da iniciação precoce do guitarrista, mais precisamente aos 3 anos.
"Na verdade, eu apenas arranhava as cordas de um violão, que
eu nem lembro a marca, e ficava
rondando com ele pela casa."
Mas um mito intocável na reputação de Healey é o fato de ele ser
dono de uma sutileza pouco comum para quem se equilibra na tênue linha que separa o blues do
rock pesado com muito volume.
Essa verdade ficará transparente
para aqueles que comparecerem
aos shows que o guitarrista faz hoje
no Palace, amanhã no teatro OSPA
de Porto Alegre), dia 22 no Galpão
dos Andradas de Belo Horizonte e
dia 23 no carioca Morro da Urca.
Os shows fazem parte da quinta
edição do Top Cat Blues Festival,
evento que já trouxe o guitarrista
de jazz Stanley Jordan e a banda
pop Ten Thousand Maniacs.
Em seus shows, Healey apresenta músicas de seus quatro discos
anteriores -a única presença certa é a versão de "While My Guitar
Gently Weeps", dos Beatles.
"Devo apresentar algumas músicas do novo álbum que estamos
gravando. Ele ainda não tem nome. O que há de certo é que ele deve ser pesado como os dois últimos."
Cegueira
Devido a um câncer no olho,
Healey é cego desde o 1º ano de
idade. Dizendo-se o único membro da família que desenvolveu
uma aptidão musical, Healey lembra que começou a estudar piano
em tenra idade.
Ele garante que o piano pouco
tem a ver com a técnica que ele
criou para tocar guitarra, com o
instrumento no colo, as cordas
voltadas para cima e com os dedos
da mão esquerda percorrendo os
trastes como um pianista faria.
Depois de optar pela guitarra,
Healey tocou jazz, blues e rock em
diversas bandas, antes de formar a
que hoje leva seu nome.
Muito mais do que o som, a imagem foi a responsável pelo impulso
inicial na carreira do guitarrista.
Em 1986, ele gravou o vídeo para a
música "Adriana", o que despertou a atenção das gravadoras e motivou o convite para que a Jeff Healey Band participasse do filme
"Matador de Aluguel" (1989).
Daí para o primeiro contrato
com uma gravadora e o lançamento do disco "See The Light" foi
um pulo.
Para o segundo disco, "Hell to
Pay", Healey contou com o auxílio luxuoso de George Harrison e
Mark Knopfler. Na época do lançamento (1990), Healey capitalizou essas colaborações ilustres.
Hoje, as esnoba.
"Nossos contatos se resumiram
a uma troca de fitas. Não cheguei a
me encontrar com essas pessoas."
Depois desses trabalhos, a Jeff
Healey Band gravou "Feel This"
(1992), seu trabalho mais pesado e
orquestral, e "Cover to Cover",
que, como o nome diz, é uma coleção de hits perpetrados por músicos que influenciaram Healey.
Volta
Com a experiência de quem já tocou no Brasil em 95, durante o saudoso festival Nescafé & Blues, Healey diz que está ansioso para rever
a platéia brasileira.
"Fomos muito bem tratados aí.
As pessoas estavam o tempo todo
preocupadas com o nosso conforto. Nos sentimos em casa."
A Jeff Healey Band terá uma única diferença na formação que se
apresentou no Brasil em 95, a inclusão de um guitarrista para segurar as bases.
Healey promete apresentações
de no mínimo uma hora e meia.
"Mas, dependendo da empolgação da platéia, podemos tocar até
duas horas."
Show: Jeff Healey Band
Quando: hoje, 21h30
Onde: Palace (av. dos Jamaris, 213,
Moema, tel. 011/531-4900)
Ingresso: de R$ 30 a R$ 60.
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