São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2004

Próximo Texto | Índice

TEATRO

Atriz é dirigida por José Possi Neto em espetáculo que reúne textos de Jean Cocteau, Dorothy Parker e Miguel Falabella

Solo de Torloni liga 3 mulheres ao telefone

Divulgação
A atriz Christiane Torloni em cena de "Mulheres por um Fio", que estréia amanhã no Renaissance



DA REPORTAGEM LOCAL

"Estou fazendo tudo como uma sonâmbula", diz a mulher de Jean Cocteau (1889-1963). "Se eu não pensasse no assunto, talvez o telefone tocasse", diz a mulher de Dorothy Parker (1893-1967). "E eu estou magra. E com novos peitos que você ainda não viu. Ficaram ótimos, os decotes agradecem", diz a mulher de Miguel Falabella, em 2004.
Essas vozes surgem, cada uma a seu tempo (anos 30, anos 50 e os dias que correm) no espetáculo "Mulheres por um Fio".
Todas são representadas por Christiane Torloni, em seu primeiro solo-solo em quase 30 anos de carreira. Em "Joana d'Arc, a Re-Volta" (2001), havia cinco bailarinos. Agora, ela está sozinha, convencida pelo diretor José Possi Neto, parceiro desde os anos 1980, de "O Lobo de Ray-Ban" (1989) a "Blue Room" (2002).
"Na verdade, sinto que tem mais gente no palco agora do que em "Joana'", diz Christiane Torloni, 47. Há sempre alguém do outro lado da linha.
Para a atriz, os três quadros são como que "instantâneos, flashes que espocam diante do público sem que dê tempo para construir um começo, meio e fim". Ela precisa ser ligeira. "Não posso entrar em cena duvidando", diz.
Segundo sua leitura, a primeira mulher, de "A Voz Humana", de Cocteau, "faz do homem o seu sol". Como satélite, ela gira em torno dele.
A segunda, de "O Telefonema", crônica de Parker, "vive numa órbita enlouquecida". É convertida em "big loira" da Hollywood dos anos 50, à espera da ligação do príncipe encantado.
Por fim, a terceira, de "Pour Elise ou uma Mulher de Seu Tempo", peça curta encomendada a Falabella, "toma para si o papel de sol e de todo o sistema". Seria a mulher-síntese dos tempos atuais, três celulares à mão, estirada na mesa do massagista (que não aparece em cena, mas com quem ela também conversa). Claro que, no fundo, gostaria de estar apaixonada.
"A gente tomou cuidado para não parecer um espetáculo só para mulheres. Ao contrário, os textos espelham também a comunidade masculina", diz Torloni.
Possi Neto, 57, situa a montagem "mais no universo da performance do que num teatro assim ou assado". Incorpora "um pouco da linguagem do clipe" nos vídeos curtos que fazem ponte entre as histórias. (VS)

MULHERES POR UM FIO. Textos: Jean Cocteau, Dorothy Parker e Miguel Falabella. Direção: José Possi Neto. Com: Christiane Torloni. Cenografia: Jean-Pierre Tortil. Figurinos: Fabio Namatame. Iluminação: Wagner Freire. Onde: teatro Renaissance (al. Santos, 2.233, Cerqueira César, tel. 3188-4151). Quando: estréia amanhã, às 21h30; sex., às 21h30; sáb., às 21h; e dom., às 19h30. Quanto: R$ 40 e R$ 50 (sáb.). Patrocinadores: Pfizer e Coração de Mulher.


Próximo Texto: Monólogo busca o "sentido da vida" em restaurante naturalista
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.