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ARTES PLÁSTICAS
"Aeroporto", de Claudia Jaguaribe, reconstitui sensações e aspectos de aeroportos em fotos e vídeo
Aeromoças aterrissam no Tomie Ohtake
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
Carioca, vivendo há 13 anos em
São Paulo e tendo exposto em diversos lugares do mundo, a fotógrafa Claudia Jaguaribe, 47, passou bastante tempo em aeroportos, fato que a ajudou a desenvolver a exposição que inaugura hoje, no Instituto Tomie Ohtake.
"Aeroporto" é uma mostra
composta por 23 fotografias e
mais uma série de 16 em que aeromoças são fotografadas sem nenhum glamour, em retratos que
lembram os 3x4. "Queria fazer algo hiperrealista, sem observações
analíticas", explica Jaguaribe.
"Acaba por ser também um perfil
da mulher no Brasil: japonesa, negra, italiana, mulata, cabocla, espanhola, uma mistura de tudo.
Além disso, há uma série de códigos nas roupas, nos penteados,
nos adereços. É um personagem
que elas criam", diz.
Contrapondo-se à exatidão do
registro das aeromoças, as outras
23 fotos passeiam por texturas e
imagens que nascem de um olhar
atento a um lugar que representa
"trânsito", "mas onde as pessoas
estão sempre esperando", completa Jaguaribe.
Nascem relevos de um contêiner envelhecido, humor de arranjos de flores à beira do kitsch e do
exagero nas cores das poltronas; a
penumbra aparece numa imagem
da esteira das malas ("é quase
uma daquelas minas de ouro antigas", lembra a artista) e as faixas
que demarcam a pista, ocreadas,
podem se desligar do cotidiano e
compor algo novo -todos vistos
a partir de planos sobrepostos.
"Encaro os aeroportos mais como não-lugares", explica Jaguaribe, buscando Marc Augé. "Representam uma espécie de limbo, onde se misturam elementos dos
anos 50 e coisas meio futuristas,
em caminhos compridos pelos
quais você é conduzido. É a mistura de sensações que me interessa", diz. Uma pequena sala dedica
suas paredes à projeção de um vídeo de turbinas e da esteira das
malas. Jaguaribe afirma que o
movimento tinha de ser traduzido de alguma maneira, e o melhor
modo encontrado foi o próprio
movimento.
"Foi a primeira vez que eu fiz
um vídeo. Quis trazer o próprio
movimento, tão importante nos
aeroportos. E as turbinas são fascinantes por ainda serem mecânicas -e os aviões são modernésimos, você não vê mais nada! Mas
elas, sim, podem ser vistas..."
As fotografias de Claudia Jaguaribe passam por vários aspectos
de uma "vida aeroportuária" que
poderiam render, cada um deles,
uma nova exposição com apenas
um tema -aeromoças, passantes, turbinas, malas, abstrações a
partir das texturas. "Tenho mais
interesse no conjunto do que em
me prender a um só aspecto. E
também não vou virar especialista em aeroporto", brinca.
AEROPORTO - exposição da fotógrafa
Claudia Jaguaribe. Quando: hoje, às 20h;
de ter. a dom., das 11h às 20h. Onde:
Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima,
201, Pinheiros, tel. 6844-1900). Grátis.
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