São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

Próximo Texto | Índice

SP 450

Em 185 filmes, festival apresenta documentários, longas e videoclipes sobre samba, hip hop e música eletrônica de São Paulo

Mostra traz "evolução" da música paulistana

Divulgação
Imagens de "Hip Hop SP", que aborda os rappers paulistanos


THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Desembaraçar a "linha evolutiva da música paulistana" é o que pretende o festival SP Música. Para isso, a mostra coloca na mesma tela o samba e o rap, Zequinha de Abreu e Marky, os mods do Ira! e as feministas Dominatrix.
O evento acontece de hoje a 8 de fevereiro, no CCBB. Abriga 185 filmes, entre longas, documentários, programas de televisão e clipes, alguns deles buscados nos arquivos do MIS, da Cinemateca e da TV Cultura.
O que menos importa no festival é o cinema. "Cabem filmes bem acabados ou registros precários", diz o curador do SP Música, Francisco Cesar Filho. "Isso pode estar num longa como "Tico-Tico no Fubá" ou na "Jam Session de Ruth Slinger"."
O cardápio do evento é a princípio caótico, mas justifica-se para "comprovar que existe uma música de São Paulo", afirma Cesar Filho, de artistas paulistanos ou que fizeram carreira na cidade.
De sabor nostálgico está "Tico-Tico no Fubá", que conta, de forma fictícia, a história de Zequinha de Abreu. O filme, dirigido por Adolfo Celi em 1952, traz Anselmo Duarte no papel do compositor paulista e Tônia Carrero como a amazona de circo pela qual Zequinha se apaixona.
Ainda na seara da MPB das antigas está "São Paulo dos Demônios", de Paulo Boccato e Cláudia Pucci, apresentado aqui em versão demo. No documentário, os responsáveis por clássicos como "Trem das Onze" e "Saudosa Maloca" passeiam pelas ruas da Mooca e do Bexiga, relembrando personagens e locais que marcaram o grupo Demônios da Garoa.
Seguindo essa "linha evolutiva", o evento destaca "Mapas Urbanos" e "Saudade do Futuro". No primeiro, de Daniel Augusto, compositores como Arrigo Barnabé e Paulo Vanzolini relacionam a cidade de São Paulo com letras e canções. No segundo, longa de Cesar Paes, a capital é vista pelos olhos e repentes dos migrantes nordestinos.
O que se convencionou chamar de "vanguarda paulista" está em produções como "Walter Franco, Muito Tudo", documentário sobre o autor de "Coração Tranqüilo", e "Ecos Urbanos", de Nilson Villas Boas e Maria Rita Kehl.

Eletrônica e hip hop
O lado mais jovial dessa música paulistana está na extensa lista de videoclipes e em documentários como "Sabotage" e "Ground... do Under ao Over".
O primeiro, de meia hora de duração, traz o rapper -morto em 24 de janeiro do ano passado- passeando pela favela do Canão, onde vivia, na zona sul da cidade.
Já "Ground" é um retrato valioso sobre o nascimento e o enorme crescimento da música eletrônica em São Paulo, desde meados da década de 80. Traz depoimentos de quase todo mundo que importa, como Camilo Rocha e Mau Mau. A eletrônica também está em "Drum in Braz", sobre a explosão do drum'n'bass, da periferia aos clubes de Londres.
No rock, aparece o excelente "Bending the Equator", sobre excursão da banda feminista Dominatrix aos EUA.
A maratona é longa e abrangente, mas ainda assim, fica difícil encontrar músicas mais "paulistanas" do que a triste "Ronda", de Vanzolini, ou a ácida "Fim de Semana no Parque", dos Racionais.

SP MÚSICA. Onde: CCBB (r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651). Quando: de hoje a 8/2. Quanto: R$ 4. Inf.: www.cultura-e.com.br.


Próximo Texto: Crítica: Pé no passado redime Iron Maiden de apresentação enfadonha no Pacaembu
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.