São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2000


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CINEMA ESTRÉIA

A estrela Julia Roberts em preto-e-branco

Divulgação
A atriz Julia Roberts em cena de "Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento", de Steven Soderbergh, que estréia hoje em SP


CLAUDIO CASTILHO
especial para a Folha, em NY

O que está por trás do simpático sorriso de Julia Roberts? Um fenômeno universal de sucesso, a atriz de 32 anos faz hoje a fortuna de US$ 20 milhões por filme, salário equiparado aos grandes nomes masculinos de atores de Hollywood. Seu mais recente sucesso, "Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento", foi o primeiro filme do ano a alcançar a marca dos US$ 100 milhões em ingressos vendidos nos EUA.
A graça e espontaneidade que há muito encantam multidões não são as mesmas quando chega o momento de a estrela de "Uma Linda Mulher" participar das rotineiras entrevistas para publicidade de seus filmes.
"Participo porque eles me obrigam", explica Julia -referindo-se aos estúdios produtores de seus filmes- em seu encontro com a reportagem da Folha, em Manhattan, para falar sobre "Erin Brockovich".
Isso depois de três dias de conversa com representantes da imprensa doméstica e internacional, ocasião em que ela aproveitou, como sempre faz nesses eventos, para mostrar um lado agressivo, impaciente, debochado, e, por que não, extremamente cínico e mau humorado.
"Não vejo meu comportamento como cínico", diz, "é a maneira que encontro para passar rápido por isso. E que seja o momento mais divertido possível."
O filme, baseado em fatos reais, do mesmo diretor de "sexo, mentiras e videotape", Steven Soderbergh, conta a história de Erin (Julia), assistente do advogado Ed Masry (Albert Finney), que consegue provar que o uso ilegal de produtos químicos pela Pacific Gas & Electric foi responsável pela ocorrência de várias formas de tumores e câncer na população de uma cidade da Califórnia. Erin, na vida real, mostrou ser uma pessoa sem medo de ameaças e que acabou se transformando em celebridade (leia texto nesta página).

Folha - O que a levou a fazer esse filme em particular?
Julia Roberts -
Não foi por uma única razão, mas sim várias. Achei o projeto como um todo interessante. Quando Steven resolveu dirigi-lo, ficou difícil recusar a oferta. Um dos pontos que me chamou a atenção na história foi o fato de a Pacific Gas & Electrical ter feito o que fez, e eu nunca ter ouvido falar nessa história antes.

Folha - Você vê com suspeita grandes corporações?
Roberts -
Não acho que precisamos suspeitar, mas simplesmente nos manter mais alerta. Nem todas são terríveis. Mas, no caso que trata esse filme, sim.

Folha - Qual é a definição mais errada sobre a sua pessoa?
Roberts -
A de que eu sou uma pessoa fascinante. Na verdade, eu não sou. Não confunda o fato de eu exercer uma profissão fascinante com a idéia de que sou uma pessoa fascinante. Meu namorado pode achar que sou, mas isso não significa que realmente sou.

Folha - Como Erin, você já usou uma determinada roupa para conseguir um papel durante os testes de um filme?
Roberts -
Isso não tem a ver com minha personalidade. Sou mais inclinada a usar as palavras do que um vestido para conseguir o que quero. A resposta me faz uma pessoa arrogante? Você me odeia neste momento (risos).

Folha - Você participou da escolha das roupas para o filme?
Roberts -
As escolhas são sempre minhas, doçura. Escolhi roupas que garantissem autenticidade ao filme, roupas parecidas com as que Erin costumava vestir na vida real. Também busquei vestir algo que passasse ar de uma pessoa segura e não de uma mulher que estivesse morrendo por dentro. Mas Steven me confessou um dia que meus vestidos estavam longos demais (risos).

Folha - Como se sente por ter sido a primeira atriz a receber salário igual a de celebridades masculinas do cinema?
Roberts -
Deve ser sempre assim. Fazemos o mesmo trabalho, ganhamos o mesmo salário, não?

Folha - Você se comporta com bastante cinismo durante as suas entrevistas. Por que você insiste em participar delas?
Roberts -
Porque eles me obrigam. Eles dizem que tenho de participar, simplesmente. Na realidade, não acho que é cinismo. É o simples desejo de entreter.


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