São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 2006

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Lia Chaia questiona poética urbana

Artista de 27 anos fez sua própria curadoria em mostra de trabalhos inéditos que inaugura hoje na galeria Vermelho

Fotos, vídeos e instalações compõem a exposição, que se inspira na passagem do tempo e em experiências no México, na França e em SP


Divulgação
Cena do vídeo "Minhocão", da artista plástica Lia Chaia


GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Na fachada da galeria Vermelho, Lia Chaia, 27, desenhou e pintou um heliponto. Mas que helicóptero poderia pousar na verticalidade de uma parede?
O questionamento da paisagem urbana é um dos pontos que norteiam a produção da artista, nome destacado da nova geração. A partir de hoje, "Heliponto" e outras obras podem ser visitadas na individual "Via Invertida", que ocupa dois andares da galeria paulistana. Os trabalhos expostos -todos inéditos- foram selecionados pela própria artista, numa espécie de autocuradoria. Há séries fotográficas, instalações e um vídeo.
"Sempre gostei de trabalhar com vários formatos", diz a artista, que desde os tempos de Faap enveredou por múltiplos formatos e mídias.
Logo na entrada, o visitante é recebido por colagens seqüenciais de confetes. Chaia conta que, durante sua estada no México, se encantou com os confetes mexicanos -ganhou uma bolsa de três meses para estudar no país-, mas só na volta ao Brasil decidiu o que fazer com eles esteticamente.
"Foi ótima a experiência de morar no México. Paris [onde ficou seis meses em 2003] é uma cidade bastante organizada. Queria a experiência de morar numa cidade menos ordenada, mais parecida com SP." De Paris, Chaia trouxe uma série fotográfica em que documenta a passagem das estações do ano a partir de mudanças na vegetação.
A passagem do tempo é também o fio condutor de uma seqüência paulistana de 72 fotografias: de um mesmo ângulo da janela de seu prédio, Chaia acompanhou a reforma de um edifício, mostrando transformações lentas e graduais na imagem pictórica.

Chove na cidade
O chão de uma das salas foi revestido por um piso de concreto. No material ainda molhado, a artista gravou círculos concêntricos, remetendo o espectador ao impacto da chuva sobre a cidade. Sem título por ora, a obra faz lembrar o trabalho "Toró" - gotas de concreto expostas no ano passado no Centro Cultural São Paulo.
Um painel inclinado -e por isso vertiginoso- do Minhocão, um labirinto em que carrinhos a pilha se movimentam de forma caótica e um vídeo no qual edifícios de papel são expurgados de sua boca são algumas das outras obras apresentadas pela artista, que ainda neste ano tem agendadas exposições no Paço das Artes e em uma mostra paralela à Bienal.

VIA INVERTIDA
Quando:
abertura hoje, a partir das 20h; ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 17h; até 19/8
Onde: galeria Vermelho (r. Minas Gerais, 350, tel. 3257-2033)
Quanto: entrada franca


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