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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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FOTOGRAFIA

Centro da Cultura Judaica mostra cerca de 50 imagens do autor, feitas em sua maioria em SP, no Rio e em Brasília

Farkas expõe brincadeira que virou história

Thomaz Farkas/Divulgação
Uma das fotos da mostra "Thomaz Farkas: 60 Anos de Fotografia", que registra paulistanos comemorando o fim da Segunda Guerra


EDER CHIODETTO
EDITOR DE FOTOGRAFIA

A geração de fotógrafos que, mesmo sem saber, foi a responsável por romper, nos anos 40, com uma linguagem ainda emprestada da pintura e estabelecer os parâmetros da chamada fotografia moderna brasileira volta a mostrar a sua cara 60 anos depois.
Primeiro foi Geraldo de Barros (1923-1998), ícone da geração, que teve sua consistente obra aplaudida mundo afora. Agora, José Oiticica Filho (1906-1964) tem mostra prevista para outubro em Curitiba; German Lorca ganha o Prêmio Especial Porto Seguro de Fotografia 2003 pelo conjunto de sua obra, e hoje é inaugurada a mostra "Thomaz Farkas: 60 Anos de Fotografia", no Centro da Cultura Judaica, em SP.
Farkas, 79, nasceu na Hungria e veio para o Brasil aos cinco anos. Sua relação com a fotografia foi motivada pelo pai, Desidério Farkas, que, nos anos 20, fundou a loja Fotóptica, em São Paulo. Décadas depois Thomaz Farkas criou a revista "Novidades Fotóptica" e uma galeria, com o intuito de disseminar a fotografia e movimentar o inexistente mercado de arte.
Os amigos que se reuniam em torno do Cine Foto Clube Bandeirante aos poucos foram questionando os critérios de julgamento nos concursos existentes e começaram a produzir contra a corrente. "Nós nos reuníamos para conversar e resolvíamos fotografar brincando de surrealismo ou concretismo", diz Farkas.
Foram justamente "brincadeiras" desse tipo que se tornaram a pedra fundamental da fotografia moderna brasileira, questionando e gerando mudanças tanto na fotografia publicitária como no fotojornalismo.
As cerca de 50 imagens escolhidas por Farkas para a mostra que começa hoje foram na maioria realizadas entre os anos 40 e 50 nas cidades de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Brasília. Imagens que equivalem a um registro histórico, como a construção de Brasília ou o povo na rua festejando o fim da Segunda Guerra Mundial em São Paulo, mas que são também registros de um autêntico "flaneur", que guarda até hoje o prazer de andar pelas ruas fotografando cenas do cotidiano.

THOMAZ FARKAS: 60 ANOS DE FOTOGRAFIA. Onde: Centro da Cultura Judaica (r. Oscar Freire, 2.500, próximo ao metrô Sumaré, tel. 0/xx/11/3065-4333). Abertura: hoje, para convidados, às 20h. Seg.: das 18h30 às 21h; de ter. a sex.: das 10h às 21h; sáb. e dom.: das 14h às 19h. Entrada franca.


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