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São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

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HOMENAGEM

"Happening" para poeta, morto em agosto, leva ao palco "homenageandos" como Caetano e Boris Schnaiderman

Tuca recebe "galáxia" Haroldo de Campos

Leonardo Colosso - 1º.set.97/Folha Imagem
O poeta e crítico Haroldo de Campos (1929-2003), homenageado no evento "Galáxia Haroldo"


CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

As galáxias de Haroldo de Campos vão entrar hoje como um cometa porta adentro do teatro da PUC, em São Paulo. Dois meses após a morte do poeta, crítico e tradutor (ou transcriador, como preferia), ele ganha homenagem "haroldiana" no Tuca, a 500 metros da casa onde morava.
O eixo do evento "Galáxia Haroldo", se é que galáxia tem eixo, é a poesia, em torno da qual orbitarão a música, a dança, o vídeo, as artes plásticas, a fotografia.
Projeto que nasceu pequeno, como uma homenagem de ex-alunos do escritor na PUC, "Galáxia" se expandiu até tomar forma de pelo menos quatro núcleos.
O maior deles está marcado para as 21h de hoje. Mais de 40 artistas, poetas e músicos se revezarão no palco do Tuca.
Dirigidos pelo poeta, artista gráfico e videomaker Walter Silveira, diretor de programação da TV Cultura, vão ler poemas de Haroldo de Campos, dançar, tocar cítara e flautim irlandês.
O irmão do poeta, o também poeta Augusto de Campos, seu parceiro na criação da poesia concreta, fará a primeira leitura.
O "happening poético", como Silveira define o evento, seguirá adiante com participações breves de músicos como Caetano Veloso, Arnaldo Antunes e o compositor erudito Gilberto Mendes, de atrizes como Bete Coelho e Giulia Gam, de poetas como Alice Ruiz e Lenora de Barros.
O ensaísta e tradutor Boris Schnaiderman, que foi amigo de Haroldo por 40 anos, deve ler o poema "A Encantação pelo Riso", do escritor russo Vielimir Khlébnikov (1885-1922).
Costurando todo o espetáculo, como pano de fundo da "Galáxia Haroldo", estarão criações musicais e "ambientações eletrônicas" de Cid Campos, sobrinho do homenageado, e Lívio Tragtenberg.
"Quis dar dimensão de uma viagem para esse "panorama" da obra poética de Haroldo", diz Silveira.
A "trip" Haroldo de Campos não ficará só no Tuca. O espetáculo será transformado em um programa para a TV Cultura, que deverá ser exibido no final do ano.
Além do "happening", o teatro da PUC, recém-reinaugurado depois de longas reformas, recebe também uma série de exposições que procuram completar as constelações de Campos.
Estarão em exibição até quarta-feira no foyer do Tuca painéis com poemas do homenageado (e um emocionante texto do irmão Augusto), pinturas feitas para o concretista por artistas como Tomie Ohtake, Regina Silveira e Marco Giannotti, fotografias de Juan Esteves e livros de ou sobre Haroldo de Campos. Uma mostra de vídeos dirigida por Cristina Fonseca, na biblioteca da PUC, complementa o programa.
"A idéia do projeto é recolocar Haroldo na universidade", explica Ana Salles, superintendente do Tuca e coordenadora do evento.
Aluna da primeira turma dele de um curso de estudo da poesia na PUC, universidade que deu o título de honoris causa a Haroldo, Salles chama a atenção para o carisma do professor.
"Não fomos atrás de ninguém. Essas dezenas de pessoas que participam do evento foram sabendo que homenagearíamos o Haroldo e foram se engajando. Essa homenagem será muito calorosa."


GALÁXIA HAROLDO. Evento com mostra de vídeos, exposição de poemas visuais, fotos e pinturas, exposição de livros e espetáculo poético. Quando: hoje, às 20h (abertura) e às 21h (espetáculo). Exposições: das 14h às 20h, até quarta-feira. Onde: Tuca (r. Monte Alegre, 1.024, Perdizes, tel. 3670-8453). Quanto: R$ 20 e R$ 10 (estudantes), o espetáculo.


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