UOL


São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

Próximo Texto | Índice

ERUDITO

Pianista executará o "Concerto nº 1" de Chostakovich com a orquestra, que se apresentou na Alemanha e na Suíça

Osesp volta da Europa com Nelson Freire

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois da turnê que passou pela Alemanha e pela Suíça, a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado) volta a se apresentar na Sala São Paulo. Regida por John Neschling, fará três récitas -hoje, amanhã e sábado-, que trarão como solista Nelson Freire, 59, no "Concerto nº 1 para Piano e Orquestra", de Dmitri Chostakovich (1906-1975).
A mesma peça também terá o solo de Gilberto Siqueira, primeiro trompete da orquestra e um músico superlativamente invejável. Puccini e Richard Strauss completam o programa.
A Osesp fará apenas mais três programas antes das férias de verão. Na semana que vem, ainda com Neschling, a "Sinfonia nº 1", de Schumann, e a "Sinfonia nº 3" ("Kaddish"), de Bernstein.
O concerto para violino de Schumann foi desprogramado porque a solista georgiana, Elisabeth Batiashvili, por problemas de saúde, não virá mais ao Brasil.
Nos dias 4 e 6 de dezembro, com a regência de Yoram David, "Meerestille und Glückliche Fahrt", de Beethoven, a "Sinfonia nº 7", de Dvorak, e o "Concerto para Dois Pianos", de Mozart, com o Duo Ranki.
Por fim, nos dias 12, 13 e 14 a orquestra será regida por Roberto Minczuk e se apresentará com o violoncelista Antônio Meneses.
Leia abaixo os melhores trechos da entrevista com Nelson Freire, solista de hoje.
 

Folha - Qual seu histórico com o concerto de Chostakovich?
Nelson Freire -
Eu e esse concerto temos uma longa relação. Eu o interpretei pela primeira vez aos 14 anos, em 1959. Já era para mim uma peça importante, porque a primeira audição no Brasil foi feita por minha professora, Nise Obino, em 1951, com a Sinfônica do Teatro Municipal do Rio, regida por Camargo Guarnieri. Há uma relação afetiva muito forte.

Folha - É mesmo assim um concerto que não pertence ao repertório "feijão-com-arroz". Pouca gente no fundo o conhece.
Freire -
Creio que há uma reaproximação recente com Chostakovich. Até há uns 20 anos as pessoas torciam o nariz. Alguns até menosprezavam sua música. Mas hoje ele é bastante reconhecido.

Folha - Durante a 2ª Guerra havia nos Estados Unidos um lobby pró-Chostakovich, já que ele era russo, aliado contra a Alemanha.
Freire -
A política se mistura um pouco. Esse concerto é de 1933. Chostakovich estava sendo perseguido na Rússia por estar fazendo uma música muito vanguardista. O "Concerto nº 1" foi então uma resposta a esse clima de opressão. Há na partitura uma espécie de paródia. No primeiro movimento há até citação de Beethoven.

Folha - Esse concerto dá a você algum prazer especial?
Freire -
É um concerto muito divertido, leve.


ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO, com John Neschling (regência) e os solistas Nelson Freire e Gilberto Siqueira; onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 3337-5414); quando: hoje e amanhã, às 21h, e sábado, às 16h30; quanto: de R$ 16 a R$ 52.


Próximo Texto: Dança: Músicos indianos temperam trilha com ritmos brasileiros
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.