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ERUDITO
Pianista executará o "Concerto nº 1" de Chostakovich com a orquestra, que se apresentou na Alemanha e na Suíça
Osesp volta da Europa com Nelson Freire
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois da turnê que passou pela
Alemanha e pela Suíça, a Osesp
(Orquestra Sinfônica do Estado)
volta a se apresentar na Sala São
Paulo. Regida por John Neschling, fará três récitas -hoje,
amanhã e sábado-, que trarão
como solista Nelson Freire, 59, no
"Concerto nº 1 para Piano e Orquestra", de Dmitri Chostakovich
(1906-1975).
A mesma peça também terá o
solo de Gilberto Siqueira, primeiro trompete da orquestra e um
músico superlativamente invejável. Puccini e Richard Strauss
completam o programa.
A Osesp fará apenas mais três
programas antes das férias de verão. Na semana que vem, ainda
com Neschling, a "Sinfonia nº 1",
de Schumann, e a "Sinfonia nº 3"
("Kaddish"), de Bernstein.
O concerto para violino de
Schumann foi desprogramado
porque a solista georgiana, Elisabeth Batiashvili, por problemas
de saúde, não virá mais ao Brasil.
Nos dias 4 e 6 de dezembro, com
a regência de Yoram David,
"Meerestille und Glückliche
Fahrt", de Beethoven, a "Sinfonia
nº 7", de Dvorak, e o "Concerto
para Dois Pianos", de Mozart,
com o Duo Ranki.
Por fim, nos dias 12, 13 e 14 a orquestra será regida por Roberto
Minczuk e se apresentará com o
violoncelista Antônio Meneses.
Leia abaixo os melhores trechos
da entrevista com Nelson Freire,
solista de hoje.
Folha - Qual seu histórico com o
concerto de Chostakovich?
Nelson Freire - Eu e esse concerto temos uma longa relação. Eu o
interpretei pela primeira vez aos
14 anos, em 1959. Já era para mim
uma peça importante, porque a
primeira audição no Brasil foi feita por minha professora, Nise
Obino, em 1951, com a Sinfônica
do Teatro Municipal do Rio, regida por Camargo Guarnieri. Há
uma relação afetiva muito forte.
Folha - É mesmo assim um concerto que não pertence ao repertório "feijão-com-arroz". Pouca gente no fundo o conhece.
Freire - Creio que há uma reaproximação recente com Chostakovich. Até há uns 20 anos as pessoas torciam o nariz. Alguns até
menosprezavam sua música. Mas
hoje ele é bastante reconhecido.
Folha - Durante a 2ª Guerra havia
nos Estados Unidos um lobby pró-Chostakovich, já que ele era russo,
aliado contra a Alemanha.
Freire - A política se mistura um
pouco. Esse concerto é de 1933.
Chostakovich estava sendo perseguido na Rússia por estar fazendo
uma música muito vanguardista.
O "Concerto nº 1" foi então uma
resposta a esse clima de opressão.
Há na partitura uma espécie de
paródia. No primeiro movimento
há até citação de Beethoven.
Folha - Esse concerto dá a você algum prazer especial?
Freire - É um concerto muito divertido, leve.
ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO,
com John Neschling (regência) e os
solistas Nelson Freire e Gilberto Siqueira;
onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes,
s/nº, tel. 3337-5414); quando: hoje e
amanhã, às 21h, e sábado, às 16h30;
quanto: de R$ 16 a R$ 52.
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