São Paulo, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2000


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VÍDEO
Mostra ressalta grandes estrelas dos anos 30
Memorial revela os primórdios do som

free-lance para a Folha

Não foi tranquila a transição do cinema mudo para o falado. Estrelas perderam o posto, estúdios tiveram de se adaptar à nova tecnologia e diretores, atores e roteiristas foram forçados a trabalhar com a novidade. Afinal, o público preferia mesmo os filmes com diálogos, porque a música já existia nas salas de cinema.
A Videoteca do Memorial da América Latina exibe, de hoje até dia 29, uma mostra com três filmes que têm essa mudança como tema e mais outros 18 produzidos na década de 30, quando a técnica era ainda incipiente.
Entre eles está um musical, "Cantando na Chuva" (1952), de Gene Kelly e Stalen Donen, que rendeu a famosa cena do sapateado debaixo de um temporal. Nele uma atriz de voz horrível é dublada por outra (Debbie Reynolds) para que a diva não desapontasse seu público.
O marco dessa fase foi "O Cantor de Jazz" (1927), de Al Jolson, considerado o primeiro filme falado da história. Ele não está na programação, assim como "Crepúsculo dos Deuses", de Billy Wilder, outro trabalho fundamental para entender o período.
Depois de "O Cantor de Jazz" mostrar a inovação, começaram as experiências para que o som se firmasse na indústria, como os desenhos animados de Betty Boop, presente na mostra. São oito curtas, criados por Max Fleischer, que se inspirou na cantora Helen Kane, famosa nos anos 20. Betty Boop, um cartum, foi proibida de aparecer nas telas porque teria uma sensualidade considerada imoral.
No terreno da sátira está "Tempos Modernos" (36), de Charles Chaplin, artista que, como muitos outros, Alfred Hithcock incluído, também detestavam o som quando ele surgiu.
Chaplin tinha motivos de sobra para não gostar do som. Afinal, seu personagem mais popular, o vagabundo Carlitos, teria de se aposentar. Mas o diretor não deixou por menos. Na cena final de "Tempos Modernos", quando finalmente o personagem iria falar, ela canta uma música num idioma que não existia.
A surpresa que a mostra reservou foi "Y Santa Habló! (Los Que Hicieron Nuestro Cine -Tomo 1)", documentário de Alejandro Pelayo Rangel sobre o primeiro filme sonoro mexicano, "Santa", uma adaptação do romance de Federico Gamboa.
Essa mostra pode ser vista também como um desfile das grandes estrelas dos anos 30. Os comediantes Stan Laurel e Oliver Hardy, conhecidos como o Gordo e o Magro, comparecem em programa duplo com "Entrega a Domicílio" e "Um Amigo Trapalhão", ambos de 32, além dos irmãos Marx, com "Os Galhofeiros" (30).
Douglas Fairbanks está em "A Rainha Imortal" (34), de Paul Czinner, que conta a história de Catarina, a Grande, princesa alemã que se tornou imperatriz da Áustria. Bette Davis está em "Servidão Humana" (34), melodrama de John Cromwell sobre uma francesa que tenta dar um golpe do baú num milionário canadense. Fred Astaire e Ginger Rogers estão com seu segundo filme juntos, "O Picolino" (35).
A Europa está representada com filmes como "Alexandre Nevsky" (38), de Sergei Eisenstein, e "M, O Vampiro de Dusseldorf" (31), de Fritz Lang.



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