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VÍDEO
Mostra ressalta grandes estrelas dos anos 30
Memorial revela os primórdios do som
free-lance para a Folha
Não foi tranquila a transição do
cinema mudo para o falado. Estrelas perderam o posto, estúdios
tiveram de se adaptar à nova tecnologia e diretores, atores e roteiristas foram forçados a trabalhar
com a novidade. Afinal, o público
preferia mesmo os filmes com
diálogos, porque a música já existia nas salas de cinema.
A Videoteca do Memorial da
América Latina exibe, de hoje até
dia 29, uma mostra com três filmes que têm essa mudança como
tema e mais outros 18 produzidos
na década de 30, quando a técnica
era ainda incipiente.
Entre eles está um musical,
"Cantando na Chuva" (1952), de
Gene Kelly e Stalen Donen, que
rendeu a famosa cena do sapateado debaixo de um temporal. Nele
uma atriz de voz horrível é dublada por outra (Debbie Reynolds)
para que a diva não desapontasse
seu público.
O marco dessa fase foi "O Cantor de Jazz" (1927), de Al Jolson,
considerado o primeiro filme falado da história. Ele não está na
programação, assim como "Crepúsculo dos Deuses", de Billy
Wilder, outro trabalho fundamental para entender o período.
Depois de "O Cantor de Jazz"
mostrar a inovação, começaram
as experiências para que o som se
firmasse na indústria, como os
desenhos animados de Betty
Boop, presente na mostra. São oito curtas, criados por Max Fleischer, que se inspirou na cantora
Helen Kane, famosa nos anos 20.
Betty Boop, um cartum, foi proibida de aparecer nas telas porque
teria uma sensualidade considerada imoral.
No terreno da sátira está "Tempos Modernos" (36), de Charles
Chaplin, artista que, como muitos outros, Alfred Hithcock incluído, também detestavam o
som quando ele surgiu.
Chaplin tinha motivos de sobra para não gostar do som. Afinal, seu personagem mais popular, o vagabundo Carlitos, teria
de se aposentar. Mas o diretor
não deixou por menos. Na cena
final de "Tempos Modernos",
quando finalmente o personagem iria falar, ela canta uma música num idioma que não existia.
A surpresa que a mostra reservou foi "Y Santa Habló! (Los Que
Hicieron Nuestro Cine -Tomo
1)", documentário de Alejandro
Pelayo Rangel sobre o primeiro
filme sonoro mexicano, "Santa",
uma adaptação do romance de
Federico Gamboa.
Essa mostra pode ser vista também como um desfile das grandes estrelas dos anos 30. Os comediantes Stan Laurel e Oliver
Hardy, conhecidos como o Gordo e o Magro, comparecem em
programa duplo com "Entrega a
Domicílio" e "Um Amigo Trapalhão", ambos de 32, além dos irmãos Marx, com "Os Galhofeiros" (30).
Douglas Fairbanks está em "A
Rainha Imortal" (34), de Paul
Czinner, que conta a história de
Catarina, a Grande, princesa alemã que se tornou imperatriz da
Áustria. Bette Davis está em
"Servidão Humana" (34), melodrama de John Cromwell sobre
uma francesa que tenta dar um
golpe do baú num milionário canadense. Fred Astaire e Ginger
Rogers estão com seu segundo
filme juntos, "O Picolino" (35).
A Europa está representada
com filmes como "Alexandre
Nevsky" (38), de Sergei Eisenstein, e "M, O Vampiro de Dusseldorf" (31), de Fritz Lang.
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