São Paulo, terça-feira, 21 de março de 2006

Texto Anterior | Índice

DRAMATURGIA

Instituto Cultural Capobianco tem palestras, montagens, projeções e exposição

Mostra percorre a obra de Samuel Beckett

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A comemoração dos cem anos de Samuel Beckett (1906-1989), em São Paulo, não vai ficar restrita a uma ou outra estréia com texto do dramaturgo irlandês, criador de uma nova linguagem teatral no século 20. A partir de hoje, o Instituto Cultural Capobianco dá largada a uma série de eventos que percorrem a obra beckettiana.
A programação do "Capobianco Mostra Beckett", com palestras, montagens, projeções e uma exposição, segue até julho (veja destaques ao lado).
"Não são apenas exibições de trabalhos de Beckett. Esse evento tenta fazer um mergulho na obra dele, uma análise mais profunda, que dê o sentido de sua contribuição para o teatro", diz o organizador, o diretor Ulisses Cohn.
Para fermentar esse "mergulho", as projeções em DVD (em inglês e sem legenda) são todas comentadas por diretores e pelo time de palestrantes, entre eles Célia Berrentini, autora de livros como "A Linguagem de Beckett" e "Samuel Beckett Escritor Plura", Rubens Rusche, que desde 1983 estuda a obra de Beckett, e o professor de teoria literária da USP Fábio de Souza, autor de "Samuel Beckett: o Silêncio Possível".
Os filmes do evento fazem parte do "Beckett on Film" (www. beckettonfilm.com), projeto para TV produzido por Michael Colgan, diretor do Gate Theatre de Dublin, e Alan Maloney, numa parceria entre a RTÉ, o Channel 4 e a Irish Film Board. Dos 19 trabalhos, serão exibidos dez, entre eles "Eu Não", de Neil Jordan, com Julianne Moore, "Improviso de Ohio", de Charles Sturridge, com Jeremy Irons, e "Esperando Godot", com Barry McGovern e Johhnyy Murphy. São todos trabalhos muito fiéis às indicações nos textos do dramaturgo, que respeitam cada palavra de suas peças, com no máximo um ou outro discreto movimento de câmera marcando a mão do diretor.
"A Última Gravação de Krapp", de Francisco Medeiros, com Antônio Petrin, que reestréia na sexta, e "Esperando Godot", nova montagem de Marcelo Lazzarato, que entra em cartaz em junho, são as duas peças da programação que podem ser complementadas por outros espetáculos em cartaz na cidade, entre eles a leitura de Gabriel Villela para "Esperando Godot", no Sesc Belenzinho, e "Fim de Partida", de René Piazentin, no Sesc Ipiranga.
Ainda no Capobianco, uma exposição reúne fotografias do acervo pessoal do diretor Rubens Rusche, com retratos de cenas de montagens francesas e brasileiras. Entre elas há preciosidades, como registros de "Esperando Godot" nas leituras de dois grandes diretores, Joël Jouanneau e Antunes Filho, e de "Dias Felizes", com a atriz francesa Madeleine Renaud, umas das mais conhecidas montagens para esse texto.


Texto Anterior: Pintura ou não-pintura: Dudi Maia Rosa põe seus "naipes" em jogo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.