São Paulo, segunda-feira, 21 de maio de 2001

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ARTES PLÁSTICAS

Museu de Arte de São Paulo abre exposição sobre arte brasileira de 1835 a 1945, com cerca de 130 telas

Masp elege 30 mestres da pintura no país

Divulgação
A tela "Interior do Atelier do Artista em Paris", de Rodolfo Amoedo, que tem destaque na mostra sobre pintura brasileira, no Masp


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Trinta Mestres da Pintura no Brasil, 30 Anos da Credicard", a mostra que o Museu de Arte de São Paulo (Masp) inaugura hoje, não é resultado de pesquisa histórica ou estética, e sim feita para coincidir com a efeméride do patrocinador.
Para isso, foi feito o percurso inverso: seu curador, Luis Marques, aceitou o desafio de escolher exatamente 30 pintores importantes no país que poderiam encaixar-se no título. "Há tanta coisa arbitrária em arte, foi estimulante", afirma Marques.
Para tanto, o curador definiu um período específico (de 1835 a 1945) e criou cinco subdivisões (veja quadro nesta página). Selecionou mais de 130 telas, não apenas do acervo do Masp, mas também do Museu Nacional de Belas Artes no Rio -para onde a mostra vai em agosto- e ainda de colecionadores.

Redescobrindo Amoedo
Durante suas pesquisas, Marques defrontou-se com o pintor (já conhecido seu, mas não tanto assim...) Rodolfo Amoedo (1857-1941). Impressionou-se tanto com seu trabalho, que criou uma sala especial com 20 obras do pintor -o único a ganhar destaque na exibição.
Como sempre, a história da arte se faz por um movimento de reescritura, e Marques acredita que esta é a sua colaboração com a mostra. "Não há estudos sobre o Amoedo e ele ainda sofre preconceito por ser considerado acadêmico demais", conta.
Amoedo (que na Mostra do Redescobrimento compareceu com a tela "O Último Tamoio", agora também no Masp) está exposto no primeiro módulo, junto dos já festejados Pedro Américo e Taunay, entre outros.
O pintor baiano viveu vários anos em Paris e tem grande diálogo com a produção da época, especialmente os impressionistas. "Certamente ele não expunha com frequência as obras mais experimentais -chamadas por ele mesmo de "manchas'-, que agora trazemos ao Masp. Por isso ficou apenas com o rótulo de acadêmico", diz o curador. Segundo Marques, um dos destaques da mostra é a tela "Interior do Atelier do Artista em Paris".
Com a exposição, Marques defende também uma tese: "Não há pintura brasileira, nem no século 19, nem no 20". E explica: "A arte brasileira se insere no sistema internacional; mesmo os modernistas da década de 20, considerados nacionalistas, faziam isso influenciados pelo clima europeu da Primeira Guerra Mundial".
A partir dessa tese, o curador desenvolveu como eixo da mostra apontar as diversas formas de inserção no cenário internacional da pintura, "sem a ansiedade de querer parecer brasileira".
O critério para seleção dos artistas foi, segundo Marques, "escolher aqueles que deveriam constar de qualquer retrospectiva importante". Mas, o curador não deixou de incluir preferências pessoais, "que podem ser criticadas", como o carioca Carlos Chambelland (1884-1950).
A última tela da mostra é "Composição Geométrica", de Cícero Dias. "É uma obra de 48, quando o Brasil já entrava atrasado no abstracionismo, afinal um de seus criadores, Piet Mondrian, já estava morto desde 44."
A exposição reinaugura o primeiro andar do Masp, com espaço expositivo ampliado, mas ainda comprometido com as reformas. A direção do museu promete deixá-lo pronto para a mostra sobre arte egípcia, em julho.

TRINTA MESTRES DA PINTURA NO BRASIL, 30 ANOS DA CREDICARD -°Exposição com cerca de 130 telas, do período de 1835 a 1945, de pintores brasileiros. Curadoria: Luis Marques. Onde: Museu de Arte de São Paulo (av. Paulista, 1578, tel. 251-5644. Quando: abertura hoje, para convidados, às 19h; de ter. a dom., das 11h às 18h. Até 29/7. Quanto: R$ 10. Patrocinador: Credicard do Brasil.



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