São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2008

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John Scofield faz mais um show em São Paulo

Guitarrista de jazz norte-americano se apresenta amanhã no Sesc Vila Mariana

Músico que gosta de improvisar tocará faixas de seu mais recente álbum e versões para clássicos de Stones e The Animals

Divulgação
O guitarrista John Scofield, 56, diz que jazzistas ganham a vida tocando ao vivo

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não é à toa que, desde os anos 80, o nome de John Scofield tem aparecido nos primeiros lugares das enquetes para eleger os melhores guitarristas do jazz. Com um estilo personalíssimo, marcado por constante exploração de timbres acústicos e eletrônicos, além de muita liberdade ao improvisar, esse norte-americano de 56 anos conta hoje com uma legião de fãs, muitos deles bem jovens.
"Tenho tido muita sorte, mas isso pode mudar a qualquer hora", diz ele, por telefone, de Nova York, referindo-se à crise no mercado fonográfico. "O jazz não vende tanto quanto outros tipos de música, e as companhias de discos podem parar de gravar a qualquer momento.
Tenho sorte por contar com um público que freqüenta meus shows pelo mundo."
Parte desse fã-clube está em São Paulo. Como os ingressos para a apresentação de Scofield no Sesc Vila Mariana (amanhã, às 18h) se esgotaram rapidamente, outro show foi agendado para as 21h. Depois o guitarrista se apresenta no Rio das Ostras Jazz & Blues Festival (RJ), sábado e domingo.
Desta vez ele toca com uma formação diferente da que trouxe em 2005. Além do inventivo trio que destaca o baixo de Steve Swallow e a bateria de Bill Stewart, Scofield terá a seu lado o ScoHorns, naipe de sopros formado por Tom Olin (sax tenor e flauta), Frank Vacin (sax barítono e clarone) e Phil Grenadier (trompete).
"Esses sopros fazem o grupo soar meio orquestral, como uma pequena big band. É divertido tocar assim depois de tanto tempo com o trio." Os shows dessa turnê são baseados no álbum "This Meets That" (isto encontra aquilo), que a Universal deve lançar até junho.
Scofield admite que o curioso título do álbum se refere a fusões. "Sim, "This Meets That" tem a ver com fusão, com o tipo de música que faço. Embora incorpore outros gêneros, ela tem raízes jazzísticas. Mas prefiro deixar essa idéia em aberto."
Entre composições próprias marcadas por fusões do jazz com o funk, com o soul e o rock, o guitarrista relê nesse álbum dois clássicos do pop inglês dos anos 60: "(I Can't Get No) Satisfaction", dos Rolling Stones, e "House of the Rising Sun", dos Animals. Haveria algo de nostálgico nessa escolha?
"Certamente. Essas canções remetem ao início de minha relação com a música, são da época em que comecei a tocar. O lado curioso é que os garotos de hoje também tocam essas canções quando aprendem a tocar guitarra", comenta ele.
Outra faixa do CD que chama atenção é a funkeada "Heck of a Job" (droga de tarefa), cujo título faz alusão a uma das gafes cometidas pelo presidente norte-americano George W. Bush durante o precário trabalho de assistência às vítimas do furacão Katrina, que quase destruiu Nova Orleans, em 2005.
"Compus essa música anos atrás. Como ela tem um groove típico de Nova Orleans, achei que seria legal dedicá-la à cidade, e assim lembrar a todos que precisamos de um trabalho bem feito para que ela possa ser reconstruída", declara.
Sendo um dos raros instrumentistas que ainda têm apoio de uma grande gravadora, Scofield sabe que isso é circunstancial. "Adoro gravar CDs, mas os músicos de jazz sempre ganharam a vida tocando ao vivo. Espero que ao menos isso não mude até eu morrer", brinca.


JOHN SCOFIELD TRIO & THE SCOHORNS
Quando:
amanhã, às 21h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, tel. 5080-3000; classificação: 12 anos)
Quanto: de R$ 7,50 a R$ 30


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