São Paulo, quinta, 21 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Zeffirelli dirige Toscanini na faculdade Ibero-Americana

free-lance para a Folha

Arturo Toscanini regeu. E foi regido. E também por um italiano. Franco Zeffirelli dirigiu, em 1988, uma biografia do regente, que será exibida hoje, às 19h, na faculdade Ibero-Americana.
"Il Giovane Toscanini", ou "O Jovem Toscanini", passa pela primeira vez na América Latina. Rodado no Brasil e finalizado na Itália, mostra o período em que o maestro esteve no Rio de Janeiro, em 1886.
Nessa época, ele conheceu a soprano Nadina Bulicioff, que mais tarde se tornou amante de dom Pedro 2º. Elizabeth Taylor interpreta a cantora.
O inglês C. Thomas Howell faz o jovem Toscanini. Franco Nero, Philippe Noiret e Carlo Bergonzi fazem a "linha de frente" italiana no elenco.
O forte do filme, contudo, são as várias músicas, num belíssimo compêndio puxado pela "Aída", de Giuseppe Verdi.
Foi com essa composição que Arturo Toscanini se lançou à consagração. Violoncelista, ele foi a última saída para a desistência de um maestro, na apresentação no Rio de Janeiro que o filme de Zeffirelli retrata.
O produtor do espetáculo implorou que algum músico da orquestra regesse a ópera. Toscanini foi escolhido por seus colegas e, sem hesitar, regeu-a de memória.
Voltando à Itália, aprofundou seus estudos de música e buscou, a partir de então, um perfeccionismo, um rigor ímpar alcançado por poucos. Seus trabalhos incluem os grandes clássicos da música, de Chopin a Wagner, nas principais orquestras européias.
Ele tinha como meta seguir à risca a composição dos músicos, mantendo a fidelidade. Isto exigia uma regência única, em que o respeito dos músicos para com ele era fundamental.
Sua autoridade tornou-se sua característica. O público via, nas apresentações, um maestro que economizava nos gestos, na regência. Seus braços -melhor, seu braço- faziam movimentos comedidos, secos, simples, com intuito único de dirigir.
Ele, certa vez, disse que o maestro não podia ser maior que a orquestra. Não seria ele a atração, mas sim a música.
"Toscanini foi o maior regente de todos os tempos. Poucos tiveram sua capacidade de ser fiel às obras dos compositores", diz Raphael Cilento, advogado que, há 50 anos, assiste a óperas e que trouxe ao Brasil o filme de Franco Zeffirelli.
O único senão é que o público terá de assistir ao filme em vídeo, em versão original sem legendas.
Mas a iniciativa de Cilento dá a oportunidade de assistir, pela primeira vez, ao filme do diretor italiano, que teve problemas contratuais e decidiu não exibi-lo na América Latina. (PSL)

Filme: Il Giovane Toscanini - O Jovem Toscanini Direção: Franco Zeffirelli Quando: hoje, às 19h Onde: auditório da faculdade Ibero-Americana de São Paulo (av. Brig. Luís Antônio, 864, tel. 0800-550511) Quanto: entrada franca



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.