Festival do Cine Falcatrua e "O Performer" começam hoje no espaço na USP

ANA LAURA NAHAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma mostra de 120 filmes sem cortes e uma instalação feita de textos que descrevem, palavra por palavra, 12 performances imaginárias jamais realizadas ocupam, a partir de hoje, às 19h, o Paço das Artes, na Cidade Universitária.
O "Festival-Dispositivo", do coletivo capixaba Cine Falcatrua, reúne em cinco programas 120 planos-seqüência assinados por diretores experientes como Gustavo Spolidoro ("Velinhas") e Chang Chi Chai ("Tibet or not Tibet") e por anônimos que atenderam ao chamado do site cinefalca trua.wordpress.com e enviaram imagens produzidas em qualquer tipo de suporte, de câmeras digitais a celulares.
Os vídeos serão exibidos sem horário programado e sem distâncias fixas entre público e obra, em telas diferentes no mesmo lugar. "A idéia é o sujeito transitar pelo espaço e editar seu próprio vídeo-expectação", define Fabricio Noronha, um dos integrantes do grupo, projeto da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo).

Performances
As interferências do artista também são mínimas em "O Performer", individual do paulistano Fabio Morais, 32, que exibe pequenas narrativas adesivadas nas paredes do Paço. O artista, que em "Museu de Letras" (2005) fotografou mensagens rabiscadas em troncos à beira do Sena, em Paris, para mostrar caligrafias de autores anônimos como elemento estético, quer agora que o público imagine as obras a partir de seus rascunhos.
"Criei um personagem, o Performer, e escrevi as performances que ele teria feito, no cinema, nas artes plásticas, na pintura, na música, na literatura. Me interessa a imagem que cada pessoa fará de cada um dos textos, escritos num tom entre descrição, documentação, conto ou crônica", explica Morais, que intitulou cada obra de "Já que Não Sei Fazer...", referência a uma "inquietação em querer fazer arte, mas não se considerar com talento para".
Festival e exposição fazem parte da Temporada de Projetos 2007-2008 do Paço e foram selecionados pelo edital que o espaço lança a cada dois anos, desde 1996, para artistas de todas as regiões do Brasil.